quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Fim de Ano...



Final e início de ano é época de renovações de propósitos, de fazer um balanço do que passou e do que poderemos fazer nos próximos 12 meses. É época de doçuras e reconciliações. É tempo de soerguimento de ânimo e afirmação de propósitos. No plano individual, creio que vale a pena o compromisso de sermos mais fraternos e menos egoístas. Nossa natureza é naturalmente inclinada ao egoísmo e se quisermos dar espaço para os outros, se quisermos limitar nossa liberdade às condições de sua integração com a dos outros, então será preciso muito esforço, até mesmo que nos violentemos, em nome de uma nova ordem de coexistência. 

Precisamos, urgentemente, encontrar uma maneira de viver em harmonia com os outros. Respeitar nossas diferenças como seres humanos, nossas culturas, nossas religiões e nossos tiques individuais. Para o filósofo Luc Ferry, “ser sábio, por definição não é amar ou querer ser amado, é simplesmente viver sabiamente, feliz e livre”. Liberdade e felicidade, eis o que o Iluminismo do século 18 nos prometeu. Libertar os espíritos, emancipar a humanidade dos grilhões da superstição e do obscurantismo medieval. A razão sairia gloriosa do combate contra a religião e, geralmente, contra todas as formas de argumentos de autoridade. Entretanto, o que vemos ainda hoje é o crescimento dos fundamentalismos religiosos de caráter violento, caracterizados por guerras e ataques terroristas. Um dos grandes problemas destes primeiros anos do século 21 é a falta generalizada de respeito mútuo que o mundo atravessa. É um mundo de puro cinismo, comandado pelas leis cegas do mercado e da competição globalizada. No cerne da ideia de progresso, esteve/está a liberdade e a felicidade. 

O desenvolvimento das ciências é/seria o caminho para a civilização. Entretanto, o que estamos observando é aquilo de Heidegger chama de “mundo da técnica”, um universo no qual a preocupação com os fins, como os objetivos últimos da história humana, vai desaparecer totalmente em benefício único e exclusivo da atenção aos meios. A noção de progresso, nessa atual perspectiva da globalização, muda totalmente de significado: em vez de se inspirar nos ideais transcendentes, o progresso vai, pouco a pouco, se restringir a ser apenas o resultado mecânico da livre concorrência em seus diferentes componentes. Para Luc Ferry. “a economia moderna funciona como a seleção natural de Darwin: de acordo com uma lógica de competição globalizada, uma empresa que não progrida todos os dias é uma empresa simplesmente destinada à morte”. O progresso não tem outro fim além de si mesmo, ele não visa a nada além de manter no páreo com outros concorrentes. Assim, o poder dos homens sobre o mundo é cada vez maior. Tornou-se um processo incontrolável e cego, ultrapassando as vontades individuais conscientes.

A emancipação e a felicidade dos homens que o Iluminismo prometia, estão cada vez mais distantes. A técnica tornou-se um processo em propósito, desprovido de qualquer espécie de objetivo definido. Tomara que em 2014 possamos resgatar o que,no século 19, podia se chamar de “res publica”, isto é, “causa comum”. Aqui em Passo Fundo 2013 foi marcado pelo início de um novo governo, tendo à frente dois jovens políticos com uma proposta arrojada para mudar os destinos do município, Luciano Azevedo e Juliano Roso. Os programas lançados, ao longo do ano, demonstram um comprometimento com o homem, com a natureza, com os ideais de felicidade e liberdade. Certa vez o poeta maior Carlos Drummond de Andrade escreveu, “pois de amor andamos todos precisando, em dose tal que nos alegre, nos reumanize, nos corrija, nos dê paciência e esperança, força capacidade de entender perdoar, ir em frente. Amor que seja navio, casa, coisa cintilante, que nos vacine contra o feio, o triste, o mau, o absurdo e o mais que estamos vivendo e presenciando”. 

Desejo a todos que em 2014, como diz aquela linda canção de Ivan Lins e Vitor Martins, “com força e com vontade/a felicidade há de se espalhar/com toda a intensidade. Há de molhar o seco/de enxugar os olhos/de iluminar os becos/antes que seja tarde. Há de assaltar os bares/de retomar as ruas/de visitar os lares/há de rasgar a trevass/e abençoar o dia/e de guardar as pedras/há de deixar sementes/do mais bendito fruto/na terra e no ventre/há de fazer alarme/e libertar os sonhos/da nossa mocidade/há de mudar os homens/antes que a chama apague/antes que a fé se acabe/antes que seja tarde”.
 Boas Festas !

(José Ernani de Almeida)

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