sábado, 27 de abril de 2013

André Rieu no Rio....

 
Apresentação gloriosa!
Valsas de Strauss, temas de filmes, clássicos de música pop, etc...
Muita emoção e alegria...
 



quinta-feira, 11 de abril de 2013

André Rieu e a paixão pela música...

 

 “Especialmente no que diz respeito aos últimos vinte anos, considero que a minha vida pessoal é tão influenciada pelo meu trabalho que uma descrição da primeira é praticamente a mesma que a história da minha carreira. Especialmente porque a minha esposa, Marjorie, tem estado sempre muito próxima desde o início da minha carreira. A minha vida é simplesmente música, estamos sempre ocupados com música e nunca nos aborrece!

Já durante a minha infância me sentia fascinado pelo mundo da música. O meu pai era maestro e lembro-me da massiva orquestra com aquele belo som, todos aqueles arcos a movimentarem-se na mesma direção… achava tudo aquilo simplesmente maravilhoso. Mas já nessa altura me surpreendia que o ambiente nos concertos fosse tão sombrio. Toda a gente estava tão séria e não era autorizado rir ou tossir, apesar de eu achar que aquela música demonstrava tanta alegria!  


Todo aquele ambiente estático que existe ao redor da música clássica na sala de concertos e mantém afastado o grande público não é algo que encontrará conosco. A nossa orquestra é composta por jovens, músicos entusiastas que permanecem no palco todas as noites, com todo o seu coração, para me acompanharem nos concertos. E esse entusiasmo é irradiado até junto do público. Durante os nossos concertos, tanto eu como a minha orquestra e o público sentimos um enorme prazer coletivo. Desde abanar a cabeça, murmurar o som da música, bater palmas, saltar, tudo acontece!
Todas as noites, ocorre sempre uma enorme experiência e para um músico nada é mais importante que isso.

Durante os meus anos de estudo de violino no Conservatório, alguém me pediu que tocasse numa orquestra de salão. Foi aí que, pela primeira vez, toquei uma valsa - “Gold und Silber” de Franz Léhàr. Que revelação! Fiquei imediatamente viciado pela medida que, anos mais tarde, se tornou o meu ritmo de vida: a medida de três quartos, a valsa. Hoje em dia, toco acompanhado da minha própria orquestra muito mais do que apenas valsas. O meu sonho é tornar toda a música clássica acessível a todos. E para atingir esse objetivo, construi o meu próprio estúdio, onde todos nós agora trabalhamos para gravar música clássica.

"Espero que me seja concedido tempo para oferecer muita felicidade a todas as pessoas através da música clássica!” André Rieu

O falsificador...

 
 
Autoproclamado popstar da música clássica, André Rieu é o protagonista de um dos maiores
fenômenos da indústria fonográfica da atualidade. Para isso, ele aposta numa fórmula que vem aprimorando desde o início da década de 1990. Tudo começa com um espetáculo de forte apelo visual, no qual os principais estereótipos (reais ou imaginados) que orbitam no universo da música clássica são acentuados a ponto da total descaracterização. Cenários que remetem ao mundo mágico dos desenhos animados, músicos vestindo fraques de cortes extravagantes e musicistas paramentadas como bonecas de porcelana são elementos primordiais de um cenário dantesco.

Em segundo lugar, vem a música. Clássica ou popular, ela é invariavelmente travestida em arranjos paquidérmicos que atuam como um rolo compressor que esmaga aquilo que diferentes linguagens e estilos têm de melhor. Tudo isso é amalgamado pela própria figura de André Rieu, o anfitrião, com uma lábia simplória e um sorriso charlatanesco que arranca suspiros de sua audiência.

Rieu é apenas mais uma das crias daquilo que se costuma chamar de indústria cultural. Pensado como um grande negócio, seus espetáculos não apenas usurpam o patrimônio musical da humanidade. Pior, eles são artisticamente violentados com o propósito de ser mais “palatáveis”. E, pior ainda, dessa forma difunde-se uma ideia falsificada do que são a ópera e a música de concerto.
Há quem alegue que Rieu realiza importante contribuição ao popularizar a música clássica e que seria uma porta de entrada para este mundo. Não é verdade. Primeiro, porque o máximo que ele faz é se autopopularizar por meio da difusão do culto a sua figura (incluindo aí os mais diferentes tipos de souvenires). Sua estratégia visa a estabelecer um circuito de consumo fechado, no qual a compra de um DVD André Rieu conduz a compra de outro DVD André Rieu, e agora, para nós, a um dos caros ingressos de seus show. Nada vindo de fora é tolerado.
Em segundo lugar, é um argumento ingênuo (na melhor das hipóteses) achar que esses produtos atuam como introdução ao universo da arte. Fãs de Harry Poter não serão leitores de Shakespeare. Com o fim da série comercial de livros, ele migraram para outra, por exemplo, os volumes da “saga” Crepúsculo, e assim sucessivamente. Na prática, os atuais fãs de Rieu são as viúvas de Ray Coniff – seu famoso “arranjo” do Bolero de Ravel jamais conduziu seus fãs para a escuta da obra original.
Não se exclui a possibilidade de uma ou outra pessoa eventualmente cultivar um ambiente verdadeiramente artístico a partir do contato com esses enlatados culturais. Mas, comparado ao rastro de mau gosto e desinformação que eles deixam, é um preço alto demais a ser pago. Literalmente, pois é possível fazer coisas muito mais interessantes com a colossal quantidade de dinheiro que essas celebridades movimentam.
A propósito das desventuras literárias do famoso bruxinho, evoco aqui o termo que o crítico literário Harold Bloom usou para definir o sucesso do personagem: “desesperante”. Bloom argumenta que uma criança ou um adolescente tem plenas condições de começar sua vida de leitor com obras do mais alto valor artístico. Com a música não tem porque ser diferente. Que mal há em ouvir um Mozart, um Vivaldi ou mesmo um Johann Strauss sem a maquiagem grosseira promovida por Rieu? E olhe que não faltam no mercado produtos artisticamente honestos que propõem abordagens diferenciadas e acessíveis no amplo sentido do termo.

Apesar de desesperante, o próprio Bloom nos lembra que, ao longo da história da literatura, não faltam exemplos de grandes sucessos comerciais que logo passaram para o esquecimento. É a esperança que resta.
 
                                                       (Leonardo Martineli)
                                                         Revista Concerto

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Marina Colasanti...

                                                       
 
 
 
Ás seis da tarde
as mulheres choravam
no banheiro.
Não choravam por isso
ou por aquilo
choravam porque o pranto subia
garganta acima
mesmo se os filhos cresciam
com boa saúde
se havia comida no fogo
e se o marido lhes dava
do bom
e do melhor
choravam porque no céu
além do basculante
o dia se punha
porque uma ânsia
uma dor
uma gastura
era só o que sobrava
dos seus sonhos.
Agora
às seis da tarde
as mulheres regressam do trabalho
o dia se põe
os filhos crescem
o fogo espera
e elas não podem
não querem
chorar na condução


terça-feira, 9 de abril de 2013

Simone e Martinho da Vila...


Gabi...

A tua partida prematura, somada a partida do pai e da Gina fez com que fossemos mais unidos. Hoje és um anjo inesquecível a quem amaremos sempre, não importa quanto tempo transcorra...
A tua partida prematura, somada a partida do pai e da Gina fez com que fossemos mais unidos. Hoje és um anjo inesquecível a quem amaremos sempre, não importa quanto tempo transcorra...
(Dete)
                                                                   

17 anos de Saudade...


segunda-feira, 8 de abril de 2013

Música que marca momentos meus...


Emmanuel...

 
 
Nenhum sofrimento, na Terra, será talvez comparável ao daquele coração que se debruça sobre outro coração regelado e querido que o ataúde transporta para o grande silêncio.                                                                                             

Ver a névoa da morte estampar-se, inexorável, na fisionomia dos que mais amamos, e cerrar-lhes os olhos no adeus indescritível, é como despedaçar a própria alma e prosseguir vivendo...

Digam aqueles que já estreitaram de encontro ao peito um filhinho transfigurado em anjo da agonia; um esposo que se despede, procurando debalde mover os lábios mudos; uma companheira, cujas mãos consagradas à ternura pendem extintas; um amigo que tomba desfalecente para não mais se erguer, ou um semblante materno acostumado a abençoar, e que nada mais consegue exprimir senão a dor da extrema separação, através da última lágrima!

Falem aqueles que, um dia, se inclinaram, esmagados de solidão, à frente de um túmulo; os que se rojaram em prece nas cinzas que recobrem a derradeira recordação dos entes inesquecíveis; os que caíram, varados de saudade, carregando no seio o esquife dos próprios sonhos; os que tatearam, gemendo, a lousa imóvel, e os que soluçaram de angústia, no adito dos próprios pensamentos, perguntando, em vão, pela presença dos que partiram...

Todavia, quando semelhante provação te bata à porta, reprime o desespero e dilui a corrente da mágoa na fonte viva da oração, porque os chamados mortos são apenas ausentes e as gotas de teu pranto lhes fustigam a alma como chuva de fel.

Também eles pensam e lutam, sentem e choram.

Atravessam a faixa do sepulcro como quem se desvencilha da noite, mas, na madrugada do novo dia, inquietam-se pelos que ficaram... Ouvem-lhes os gritos e as súplicas, na onda mental que rompe a barreira da grande sombra e tremem cada vez que os laços afetivos da retaguarda se rendem à inconformação ou se voltam para o suicídio.

Lamentam-se quanto aos erros praticados e trabalham, com afinco, na regeneração que lhes diz respeito.

Estimulam-te à prática do bem, partilhando-te as dores e as alegria.

Rejubilam-se com as tuas vitórias no mundo interior e consolam-te nas horas amargas para que te não percas no frio do desencanto.

Tranqüiliza, desse modo, os companheiros que demandam o Além, suportando corajosamente a despedida temporária, e honra-lhes a memória, abraçando com nobreza os deveres que te legaram.

Recorda que, em futuro próximo que imaginas, respirarás entre eles, comungando-lhes as necessidades e os problemas, porquanto terminarás também a própria viagem no mar das provas redentoras...

E, vencendo para sempre o terror da morte, não nos será lícito esquecer que Jesus, o nosso Divino Mestre e Herói do Túmulo Vazio, nasceu em noite escura, viveu entre os infortúnios da Terra e expirou na cruz, em tarde pardacenta, sobre um monte empedrado, mas ressuscitou aos cânticos da manhã, no fulgor de um jardim.
 
 

 

Santa Maria na memória....

O crime múltiplo e brutal, em que muitas são as vítimas e vários os autores, nunca gera
responsabilidades, remorsos nem culpas. Os criminosos se escoram uns nos outros, como se esse conluio diluísse o horror que provocaram. Os anos enferrujam a lembrança e ficamos como nas guerras: quanto mais se mata, mais herói se é.
O povo de Santa Maria que se cuide, portanto! Nada de pedir justiça ampla e profunda ou exigir que o crime da madrugada de 27 de janeiro seja punido em todos os âmbitos. Nada de localizar e identificar a rede de responsáveis. Nada de chegar ao fundo da trama que encadeou e alimentou a morte. Nada de ir ao nascedouro (como tentou ir o minucioso inquérito policial) e ter fatos para denunciar quem se diga perfeito ou quem seja prefeito. Já existem quatro pobres-diabos denunciados como únicos responsáveis pelos 241 jovens asfixiados em meio à alegria da noitada e, portanto, a lei está a salvo!
Para que ir além do que já se conhecia _ que a boate era uma ratoeira e os "fandangueiros" eram piromaníacos musicais?
Por que indignar-se e pretender esmiuçar tudo, tintim por tintim? Isto pode ser tachado de baderna de rua, de quem agita antes de usar, como nas velhas loções de beleza. Indago: deve o povo de Santa Maria (ou do Rio Grande inteiro) exigir mais do que os norte-americanos, que até hoje não sabem quem matou o presidente John Kennedy, com duas balas na cabeça há quase 50 anos em Dallas? Lá, acharam "um culpado", logo morto por "um vingador" na frente de jornalistas e cinegrafistas e ninguém foi além dessa fronteira. Caso resolvido!
Até hoje, porém, os EUA se envergonham por terem se contentado com essa simplificação. Camuflados no poder, os assassinos reais nunca foram denunciados.
Restou um único pobre bode expiatório.

Mas Santa Maria não é Dallas. Tudo é diferente. Dallas era a cidade do ódio e engendrou o crime numa conspiração da direita e da máfia. Com o nome da mãe de Cristo, Santa Maria é de paz e trabalho. De núcleo ferroviário, tornou-se centro universitário. Sempre soube reivindicar, porém, e nos anos 1950-60, quando a política era ainda disputa de ideias e projetos, foi nossa cidade mais politizada.
Esta cidade não pariu a matança. Outros foram os parteiros _ gente entrelaçada numa teia ampla, privada e pública, em que cada qual fugia da obrigação, fazendo o desleixo ter vida própria. Era como se donos da boate e banda, fiscais e inspetores públicos, bombeiros, funcionários estaduais e municipais (e até o prefeito) disputassem o campeonato da desídia para coroar o campeão da inoperância e permissividade.
Consumada a tragédia, todos fogem, escondem-se em pretextos, inventam subterfúgios.
O inquérito policial desnudou o absurdo que permitiu o funcionamento da boate e foi como se os 241 corpos inertes iluminassem o futuro e a morte virasse advertência para garantir a vida. Em todo o país "apertaram" a fiscalização.

Ao oferecer a denúncia em juízo, o Ministério Público suavizou, agora, as conclusões da investigação policial. Quebrou-se a norma de o Ministério Público ser mais rígido que a polícia. Os promotores afirmam ter feito "uma análise técnica" das 13 mil folhas do inquérito (que indiciou 16 e responsabilizou 12 pessoas, entre elas o prefeito) e os denunciados, agora, de fato são quatro: dois da boate e dois da banda. Quatro bombeiros, processados por fraudes processuais, talvez nem cheguem a julgamento.
A "análise técnica" acabou por denunciar só aqueles que eram culpados visíveis desde o momento da tragédia, e o inquérito fez-se ocioso. Ou inútil?
Há quem pergunte quem denunciará, agora, os delegados Arigony, Meinerz e equipe por terem gasto tanto papel, quando tudo já era evidente até sem investigar?

Fávio Tavares  Jornalista e escritor

sábado, 6 de abril de 2013

Lições de Vida...


 
 
 
 
Existem coisas em sua vida que parecem duras demais para suportar. Quando 24 horas em um dia não forem suficientes, lembre-se do frasco de maionese e das duas c...ervejas.
Um professor estava diante de sua classe de filosofia e tinha alguns itens na sua mesa em sua frente.
Quando a aula começou, ele sem dizer uma palavra pegou num frasco de maionese grande e vazio e começou a enchê-lo com bolas de golfe.
Ele então perguntou aos alunos se o vidro estava cheio.
Eles concordaram que estava
O professor, então, pegou uma caixa de fósforos e despejou dentro do vidro. Ele agitou-o levemente.
Os palitos de fósfoforo rolaram para os espaços entre as bolas de golfe.
Ele então perguntou novamente se o vidro estava completo.
Eles concordaram que estava.
O professor pegou uma caixa com areia e despejou dentro do frasco de maionese.
Claro, a areia preencheu todo o resto.
Ele perguntou novamente se o vidro estava cheio ..
Os alunos responderam com um unânime 'sim'.
O professor em seguida pegou duas cervejas que estavam debaixo da mesa e despejou o conteúdo do frasco preenchendo todos os espaços vazios entre a areia.
Os estudantes riram ..
'Agora', disse o professor como os risos, 'eu quero que vocês reconheçam que este frasco é a VIDA.
As bolas de golfe são as coisas importantes --- sua família, seus filhos, sua saúde, seus amigos e suas paixões favoritas --- e se tudo estivesse perdido, elas continuariam ali, sua vida ainda estaria cheia.
Os palitos de fósforos são as outras coisas que importam, como o seu emprego, sua casa e seu carro ..
A areia é todo o resto --- as pequenas coisas.
"Se você colocar a areia primeiro no vidro ", ele continuou," não há espaço para os palitos de fósfoforo e as bolas de golfe.
O mesmo vale para a vida.
Se gastar todo o seu tempo e energia com as pequenas coisas, você nunca vai ter espaço para as coisas que são importantes para você.
Preste atenção às coisas que são determinantes para a sua felicidade.
Gaste tempo com seus filhos.
Gaste tempo com seus pais.
Visite seus avós.
Cuide da sua saúde.
Leve o seu cônjuge para jantar fora.
Haverá sempre tempo para limpar a casa e cortar a grama.
Tome cuidado com as bolas de golfe primeiro --- as coisas que realmente importam.
Defina suas prioridades.
O resto é só areia.
Um dos estudantes levantou a mão e perguntou o que a cerveja representava.
O professor sorriu e disse: "Estou feliz que você perguntou."
A cerveja só mostra que não importa quão cheio sua vida possa parecer, há sempre espaço para um par de cervejas com um amigo!


 

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Boa mãe...

                                                                                   


A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo.
 Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase, e
ela sempre me soou estranha.
 Chegou a hora de reprimir de vez o
impulso natural materno de querer colocar a... cria embaixo da asa,
protegida de todos os erros, tristezas e perigos.
Uma batalha hercúlea, confesso.
 Quando começo a esmorecer na luta para
controlar a super-mãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da
frase, hoje absolutamente clara.
Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária.
Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que significa isso.
Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de
mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos,
como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos,
confiantes e independentes.
 Prontos para traçar seu rumo, fazer suas
escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros
também.
 A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão
umbilical. A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os
dois lados, mãe e filho.
Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse
vínculo não pára de se transformar ao longo da vida. Até o dia em
que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo.
 O que eles precisam é ter certeza de que estamos
lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no
fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o
conforto nas horas difíceis.
Pai e mãe - solidários - criam filhos para serem livres.Esse é o
maior desafio e a principal missão.
Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto
seguro para quando eles decidirem atracar.
"Dê a quem você Ama :
- Asas para voar...
- Raízes para voltar...
- Motivos para ficar... "

(Autora desconhecida)

quinta-feira, 4 de abril de 2013

A Paciência...

                                                                                     

 
 
A paciência está associada à maturidade com que interpretamos as coisas, os sentimentos, está relacionada ao estado de segurança e a consciência do merecimento, a complacência, ao prazer anacrônico dos sonhos e do amor platônico.

Com ela está o carinho, o sorriso, a bondade, a resignação, a flexibilidade mesmo que esteja em desvantagem.

Tem o poder de enxergar a criança que há em todos, com seus medos, e curiosidades, com a evasão e as insistências, com simpatia e suas birras, com seus erros e acertos e gestos confusos, que com os quais buscam através de atitudes uma coisa mas atraem outra e se frustram por isso.

A paciência enxerga com amor aquele que não abre mão e aquele que põe tudo a perder e com a mesma calma e com o mesmo silêncio respeita o tempo e o alcance de cada um.

Vê com compaixão o desespero e compreende o descontrole e o insulto.

Sempre recua criando espaço para que o tempo senhor das respostas possa gerar o entendimento e no andar da carroça as abóboras se acomodem para que a cura aconteça.

Ela suporta o fardo pesado da demora e a dor da espera.

Mediadora da paz nos mostra tantas e tantas vezes que ela é também uma boa estrada para todas as direções.

Sempre que custarmos a aprender, ela sempre se manifestará no olhar daquele que te ama sob a forma de carinho e de perdão e este estará pra sempre ao seu lado, pode confiar.

A paciência é a fé, é a paz, a presença do amor no olhar carinhoso do pai, da mãe, de Deus e daquele que te amará para sempre.

Ela é uma criança que não tem hora para começar nem terminar a brincadeira e o sorriso.

Sem esforço ela dá tempo ao tempo, independente da disponibilidade do cronômetro ou da impaciência de quem se cobra ou se pune por que perdeu tempo, pois o que passou, passou.

Ela está na alma dos sábios que se abrem a tudo, na alma dos loucos que não se importam com o que os outros vão achar e na alma dos santos que ama até mesmo os que os maltratam.

A paciência é um santo remédio que todos nós deveríamos saber, prepara para oferecer aos outros e a nós mesmos.

Ajuda a prevenir o erro, o arrependimento, a vergonha, a dor a tristeza e o desespero.

Paz e luz!





quarta-feira, 3 de abril de 2013

Um dia além da vida com meu pai...

 
 
 
Se recebe a dádiva de te encontrar mais uma vez, se pudesse desfrutar de tua companhia por mais um dia inteiro, faria tantas coisas das quais tenho saudades e outras que não pude fazer. Nos preparativos para nosso encontro levaria um presente: uma bota, uma camisa xadrez, ou um boné a teu gosto. Teria que levar uma roupa usada também, um confortável e surrado casaco ou uma camisa polo de um dos meus filhos ou de meu marido, e te mentiria que eles não a queriam mais. Claro que teria que levar algum doce caseiro: chimia de frambroesa ou de uva. Levaria melado, comprado na feira, e frutas frescas: butiá, pera e araçá. Telefonaria te avisando sobre a minha visita, e juro, desta vez tu terias que cumprir a famosa ameaça de soltar foguetes quando eu chegasse.

Quando dobrasse a esquina eu te avistaria: com uma vassoura varrendo a calçada ou na sacada, rosto voltado para o lado em que o carro apontaria. Receberia e te daria um grande abraço. O maior e o mais carinhoso de todos. Talvez te desse um beijo no rosto (foram tão poucos) e pegaria na tua mão grande e rude, essas sim eu beijaria, como se fosse de um ídolo, para expressar tudo aquilo que não pude te dizer.

Então entraríamos em casa e te apresentaria teus bisnetos. Sei que ficarias feliz especialmente com a escolha do nome da Virginia, com a esperteza e simpatia do Renan e com a beleza robusta do Gonçalo. Contaria as minhas novidades e ouviria as tuas. Iria ao teu apartamento e faria a tradicional faxina, juro que não reclamaria de nada e deixaria tudo a teu gosto, sem colocar nada fora. Depois faríamos uma grande “programação” juntos.

Visitaríamos a chácara, eu dirigindo (o que nunca fiz na tua companhia), enquanto ouviria teus palpites sobre minha “pilotagem” e as histórias do teu tempo de motorista. Na chácara não brigaria contigo por subir nas árvores, não te apressaria, e ajudaria a colher quantas frutas quisesses. Claro que na volta passaríamos no cemitério, “visitar a mãe”. Talvez esse passeio fosse feito a pé, então cortaríamos caminho pela “Vergueiro”, atalhando por terrenos baldios e tu aproveitarias para colher ervas e folhagens com as quais me presentearia.

Ao meio dia eu cozinharia para ti: polenta, mandioca, feijão. Talvez uma passarinhada ou uma carne com “uma graxinha”. Antes do almoço teus netos te preparariam uma caipirinha bem doce. Então a sobremesa seria uma torta de sorvete, que as “gurias” comprariam, só para te ver saboreá-la como uma criança feliz. Então, no meio da tarde, eu fingiria que não estava bem do “estômago”, só para que tu tivesses que procurar uma “carqueja” para um chá.

Esperaria tu perguntares novamente qual “a programação” e sairíamos passear. Desta vez levando a Luciana. Nosso passeio seria no “São João”, talvez até no “Campo do Meio” ou no “Mato Castelhano”. Na volta, passaríamos na tia Lourdes, na tia Alzira, na tia Maria e no tio Mário. Quando chegássemos, conversaríamos um pouco com o tio Antônio, na frente de casa.

Ao entardecer ouviríamos músicas de todos os estilos. Dançaríamos valsa com “Saudades de Matão”, cantaríamos com Luiz Gonzaga e Gonzaguinha a tua música preferida, “Vida de Viajante”. Pularíamos carnaval com “A Jardineira” e “ As águas vão rolar”. Lembraríamos tantas coisas, falaríamos de política, dos parentes, ouviria tuas queixas e te prometeria pensar com mais seriedade a possibilidade de voltar para Passo Fundo.

Então, quando a hora de voltares se aproximasse, eu me ajoelharia a teus pés e te pediria perdão pelas decepções que te causei. E te diria o quanto te amei e quanto te amo. Falaria como fostes bom pai e avô. Como marcou nossas vidas e sobre a saudade que temos de ti. E no momento da tua partida final, eu e minhas irmãs nos reuniríamos a tua volta e assistiríamos novamente teu último olhar e teu último suspiro. Então, contigo, morreríamos um pouco também.

(Bernadete Schleder Santos)

terça-feira, 2 de abril de 2013

Maria Gadú...


A arte de consolar...

 
 
Quando alguém sofre uma tragédia pessoal, muitos dos amigos considerados mais próximos se afastam, negando o apoio esperado na hora difícil. E a amargura tem, entre outras coisas, a capacidade de separar amigos e companheiros porque esses e aqueles se confundem nos momentos felizes, mas são dolorosamente depurados nos momentos de dor.

Claro que haverá sempre aqueles que só servem mesmo para a comemoração e nunca poderá se contar com eles, nem com a escassa utilidade que têm.

Mas existem os que timidamente se retraem, e na distância sofrem muito pela desgraça do amigo, simplesmente por não saberem se oferecer para ajudar, nem o que dizer para confortar.

Outros, ingenuamente, supõem que se falarem sem parar, estarão desviando o foco doloroso. Ridiculamente, relembram experiências tolas, ignorando que no sofrimento mais intenso a verdadeira ajuda não consiste em distrair, mas em compartilhar.

Passado algum tempo é comum que a reminiscência mais carinhosa daquela passagem sofrida não tenha sido o discurso formal, mas um abraço prolongado ou um aperto de mão daqueles que se tem a sensação de que não se quer soltar, ou simplesmente a cumplicidade de um silêncio.

Leo Buscaglia serviu de jurado num concurso de histórias infantis e se encantou com o relato de um garoto de seis anos que tinha um vizinho idoso, cuja esposa havia falecido recentemente. Ao vê-lo chorar, encolhido no quintal, o menino pulou o muro e simplesmente se sentou ao lado dele.

No dia seguinte, a família recebeu um buquê de flores com o agradecimento comovido do vizinho.

Quando a mãe perguntou ao menino o que havia dito ao velhinho, ele respondeu:

-Nada. Só o ajudei a chorar.
                                                                        (J.J.Camargo)

segunda-feira, 1 de abril de 2013

O oceano e uma conchinha...

                                      


Encontrei uma senhora com sacolas de mercado subindo as escadas do hospital.
Perguntei se poderia ajudar. Minha mãe sempre me ensinou que não custa nada ser educado.
Carreguei as sacolas até o terceiro andar. Ela se despediu com um beijo em minha testa.
– Vá com Deus, meu anjo.
Fiquei levemente encabulado, minha testa estava úmida, e ela secou meu suor com seu beijo.
Içara, soube mais tarde, acompanhava seu marido André.
Ele tem câncer em estado avançado, metástase nos ossos. Situação grave.
Os dois partilham um casamento de 30 anos. São amigos de minha amiga Cíntia Moscovich.
Já testemunhei o casal abraçado, tomando vinho, comendo risoto, cantando músicas em bar no Moinhos de Vento.
Não lembrei de sua feição na hora. Quando ofereci ajuda, jurei que era uma estranha.
Mostrava-se toda abatida, acuada pela tristeza, as olheiras de coador de café.
Eu me desculpei quando a revi subindo a ladeira da Ramiro Barcelos. Expliquei que não a reconheci naquele dia.
Ela concordou comigo.
– Tampouco me reconheço, querido.
Sua simplicidade, sua humildade, sua honestidade me desarmaram.
Já não queria carregar suas sacolas, mas seus olhos.
Içara sofre monstruosidades. Sofre essa viuvez devagar. Essa viuvez vindo. Essa viuvez injusta informando seu coração pouco a pouco da tragédia.
Içara vive sendo enganada pela esperança e não desiste de acordar, dormir, acordar, dormir.
Com a fé exausta, me encarou profundamente. Colocou as mãos em meus ombros e pediu para que eu rezasse por uma coisa.
Uma única coisa. Nem era capaz de pedir para seu marido melhorar. Nem era capaz de suplicar o retorno da rotina.
Nem era doida de encomendar milagre, de que eles possam viajar para Grécia, admirar os afrescos da Itália, partilhar novamente de música, gastronomia e literatura.
Içara pede uma só coisa, uma só coisinha: dormir mais uma noite de conchinha com seu marido. Uma só noite soletrando a respiração do seu homem.
Uma só noite com as pernas entrelaçadas, as cabeças encostadas para igual horizonte. Uma só noite com a paz dos lençóis de casa e os travesseiros lavados. Uma só noite despertando ao mesmo tempo, com a mesma vontade de mate e varanda.
Só dormir de conchinha mais uma vez. Uma noite fora do hospital, do soro, do medo de morrer.
Uma noite absolutamente normal. A normalidade no amor é a perfeição.

 
                            (Fabrício Carpinejar)