domingo, 15 de novembro de 2015

O Homem e A Mulher...



O homem é a mais elevada das criaturas;
A mulher é o mais sublime dos ideais.
O homem é o cérebro;
A mulher é o coração.
O cérebro fabrica a luz;
O coração, o AMOR.
A luz fecunda, o amor ressuscita.
O homem é forte pela razão;
A mulher é invencível pelas lágrimas.
A razão convence, as lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos;
A mulher, de todos os martírios.
O heroísmo enobrece, o martírio sublima.
O homem é um código;
A mulher é um evangelho.
O código corrige; o evangelho aperfeiçoa.
O homem é um templo; a mulher é o sacrário.
Ante o templo nos descobrimos;
Ante o sacrário nos ajoelhamos.
O homem pensa; a mulher sonha.
Pensar é ter , no crânio, uma larva;
Sonhar é ter , na fronte, uma auréola.
O homem é um oceano; a mulher é um lago.
O oceano tem a pérola que adorna;
O lago, a poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa;
A mulher é o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço;
Cantar é conquistar a alma.
Enfim, o homem está colocado onde termina a terra;
A mulher, onde começa o céu.
 
Victor Hugo

Victor Hugo...

 
 
“Há pensamentos que são orações.
 Há momentos nos quais, seja qual for a posição do corpo, a alma está de joelhos.”
 
 

terça-feira, 10 de novembro de 2015

David Garret

Filhos adultos...

Quem tem filhos adultos, ou já se encaminhando para a vida adulta, experimenta de vez em quando uma curiosa espécie de “saudade na presença”: uma leve melancolia causada pela irrevogável separação de todas as etapas que já ficaram para trás. 
Seu filho pode nunca ter permanecido muito tempo longe dos seus olhos, mas cada fase vencida transforma-se imediatamente em nostalgia, mesmo as mais trabalhosas. 
Se com relação às outras pessoas sentimos uma enganosa percepção de continuidade no tempo, por mais longa e próxima que seja a convivência, com relação aos nossos filhos há sempre a sensação de que nos despedimos de alguém no meio do caminho, sem perceber ou dar à devida solenidade à despedida. O bebê que mal enxergava em volta e o que começou a andar, a criança que foi para a escola pela primeira vez e a que fugia para a sua cama nas noites de inverno – é como se cada uma delas fosse um indivíduo diferente, da qual, se pudéssemos escolher, não teríamos jamais nos separado. 
Tiramos um milhão de fotos, gravamos um milhão de vídeos, guardamos desenhos rabiscados e brinquedos favoritos, mas o que gostaríamos mesmo era poder abraçá-los todos – do filho recém-nascido que embalamos na maternidade ao que beijamos na testa ontem mesmo – pelo menos uma vez por ano. 



Cláudia Laitano

A morte...

 
 
Quando observamos um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa
matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara.
O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.
Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.
...
Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: "já se foi".
Terá sumido? Evaporado?
Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade
que tinha quando estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.

O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo. E talvez, no exato instante em que alguém diz:
já se foi, haverá outras vozes,
mais além, a afirmar: "lá vem o veleiro".

Assim é a morte.
Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: "já se foi".

Terá sumido? Evaporado?
Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.
O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu. Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado.

Conserva o mesmo afeto que nutria por nós. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado.
E é assim que, no mesmo instante em que dizemos:
já se foi, no mais além, outro alguém dirá feliz: "já está chegando".

Chegou ao destino levando consigo
as aquisições feitas durante a viagem terrena.
A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos.

Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.
A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas.
Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada


Richard Simonetti

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Dança...traduzida!

 
                   1717 ...

Expressão multimodal, dentro da performance com peças interlínguas e cheias de elementos intersemióticos... 
 
  (Ronice Quadros)
 
 

 

Rubem Alves...

Fui convidado a fazer uma preleção sobre saúde mental. Os que me convidaram supuseram que eu, na qualidade de psicanalista, deveria ser um especialista no assunto. E eu também pensei. Tanto que aceitei. Mas foi só parar para pensar para me arrepender. Percebi que nada sabia. Eu me explico.
Comecei o meu pensamento fazendo uma lista das pessoas que, do meu ponto de vista, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livros e obras são alimento para a minha alma. Nietzsche, Fernando Pessoa, Van Gogh, Wittgenstein, Cecília Meireles, Maikóvski. E logo me assustei. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. Van Gogh se matou. Wittgenstein se alegrou ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta angústia. Cecília Meireles sofria de uma suave depressão crônica. Maiakóvski suicidou.
Essas eram pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para os vivos muito depois de nós termos sido completamente esquecidos.
Mas será que tinham saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as ideias se comportam bem, sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado, nem é preciso dar uma volta ao mundo num barco a vela, basta fazer o que fez a Shirley Valentine (se ainda não viu, veja o filme!), ou ter um amor proibido ou, mais perigoso que tudo isso, que tenha a coragem de pensar o que nunca pensou. Pensar é coisa muito perigosa…
Não, saúde mental elas não tinham. Eram lúcidas demais para isso. Elas sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idiotas de gravata. Sendo donos do poder, os loucos passam a ser os protótipos da saúde mental. É claro que nenhuma mamãe consciente quererá que o seu filho seja como Van Gogh ou Maiakóvski. O desejável é que seja executivo de grande empresa, na pior das hipóteses funcionário do Banco do Brasil ou da CPFL. Preferível ser elefante ou tartaruga a ser borboleta ou condor. Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicos a que teria de se submeter se fosse pedir emprego. Mas nunca ouvi falar de político que tivesse stress ou depressão, com exceção do Suplicy. Andam sempre fortes e certos de si mesmos, em passeatas pelas ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas.
Sinto que meus pensamentos podem parecer pensamentos de louco e por isso apresso-me aos devidos esclarecimentos.
Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores, como todo mundo sabe, requer a interação de duas partes. Uma delas se chama hardware, literalmente coisa dura e a outra se denomina software, coisa mole. A hardware é constituída por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito. A software é constituída por entidades espirituais – símbolos, que formam os programas e são gravados nos disquetes.
Nós também temos um hardware e um software. O hardware são os nervos, o cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória. Do mesmo jeito como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo espirituais, sendo que o programa mais importante é linguagem.
Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou por defeitos no software. Nós também. Quando o nosso hardware fica louco há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam. Não se conserta um programa com chave de fenda. Porque o software é feito de símbolos, somente símbolos podem entrar dentro dele. Assim, para se lidar com o software há que se fazer uso de símbolos. Por isso, quem trata das perturbações do software humano nunca se vale de recursos físicos para tal. Suas ferramentas são palavras, e eles podem ser poetas, humoristas, palhaços, escritores, gurus, amigos e até mesmo psicanalistas.
Acontece, entretanto, que esse computador que é o corpo humano tem uma peculiaridade que o diferencia dos outros: o seu hardware, o corpo, é sensível às coisas que o seu software produz. Pois não é isso que acontece conosco? Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos do Drummond e o corpo fica excitado.
Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e acessórios, o software, tenha a capacidade de ouvir a música que ele toca, e de se comover. Imagine mais, que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta, e se arrebenta de emoção! Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei, no princípio: a música que saía do seu software era tão bonita que o seu hardware não suportou.
A beleza pode fazer mal à saúde mental. Sábias, portanto, são as empresas estatais, que têm retratos dos governadores e presidentes espalhados por todos os lados: eles estão lá para exorcizar a beleza e para produzir o suave estado de insensibilidade necessário ao bom trabalho.
Dadas essas reflexões científicas sobre a saúde mental, vai aqui uma receita que, se seguida à risca, garantirá que ninguém será afetado pelas perturbações que afetaram os senhores que citei no início, evitando assim o triste fim que tiveram.
Opte por um software modesto. Evite as coisas belas e comoventes. Cuidado com a música. Brahms e Mahler são especialmente perigosos. Já o roque pode ser tomado à vontade, sem contra indicações. Quanto às leituras, evite aquelas que fazem pensar. Há uma vasta literatura especializada em impedir o pensamento. Se há livros do Dr. Lair Ribeiro, por que arriscar-se a ler Saramago? Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre a mesma coisa com nomes e caras diferentes, fica garantido que o nosso software pensará sempre coisas iguais. A saúde mental é um estômago que entra em convulsão sempre que lhe é servido um prato diferente. Por isso que as pessoas de boa saúde mental têm sempre as mesmas ideias. Essa cotidiana ingestão do banal é condição necessária para a produção da dormência da inteligência ligada à saúde mental. E, aos domingos, não se esqueca do Sílvio Santos e do Gugu Liberato.
Seguindo esta receita você terá uma vida tranquila, embora banal. Mas como você cultivou a insensibilidade, você não perceberá o quão banal ela é. E, ao invés de ter o fim que tiveram os senhores que mencionei, você se aposentará para, então, realizar os seus sonhos. Infelizmente, entretanto, quando chegar tal momento, você já não mais saberá como eles eram.

(Provavelmente escrito em 1994)
 
Fonte Instituto Rubem Alves, conheça e participe de seus projetos.

Mel...

 
 
Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ Estrelinhas a Brilhar no Céu
                          
Lutamos diariamente pela vida de muitos, mas também já vimos muitos partir…
A palavra despedida não existe no nosso vocabulário, acreditamos que os voltaremos a encontrar…
Viverão para sempre dentro dos nossos corações, jamais esqueceremos as corridas endiabradas, o olhar que conta sempre uma história, as caudas que abanaram tão freneticamente enquanto nos privilegiaram com a sua presença junto de nós…
Jamais esqueceremos os ronrons incessantes,
as turrinhas carinhosas, os abracinhos doces que com eles partilhamos…
Dizemos até um dia porque acreditamos que nos voltaremos a juntar todos nos longos prados verdes onde a brisa sopra suave e onde as copas das árvores dançam gentilmente para nós.
Voltaremos a entrelaçar os dedos nos pelos macios, a sentir nas mãos os narizes úmidos as caudas robustas que nos convidam para mais uma brincadeira.
Quando á noite olhamos o céu estrelado, relembramos com saudade e ternura todas as estrelinhas que brilharam nas nossas vidas e que hoje brilham fortemente no céu, cuidando e dando força a este chão que um dia foi o seu chão.
Acreditamos que são estas estrelinhas que nos secam as lágrimas e que nos alongam os sorrisos.
São energia viva dentro de nós que atenua a saudade e a dor de um contacto físico que foi interrompido…
Há que agradecer a forma como encheram as nossas vidas com as suas presenças.
Há que agradecer como nos tonaram melhores com a sua inocência pura.
Há que agradecer terem partilhado conosco os seus olhares vivos, doces e tão mas tão nobres.
Há que agradecer…
A lugares no universo existe o céu dos animais e é lá que eles esperam e cuidam de nós, enquanto isso vivem com a nobreza da falta de maldade que aqui conheceram tão de perto.
No céu dos animais não há fome, sede ou frio, não há falta de amor…
Há sim a paz a tranquilidade e a beleza que só a união e o respeito de todas as formas de vida pode proporcionar…
É neste sítio maravilhoso
que um dia voltaremos
a nos encontrar…
Até um dia Estrelinhas!


 MEL UM DIA VAMOS NOS ENCONTRAR


Mel...

 

 Que a Mãe Natureza acolha seu corpo e acalente sua alma.
Em vida, você foi abandonada mas, a acolhemos com ternos cuidados e compaixão.
Fiel em seu amor verdadeiro, ofereceu a nós, alegrias e amor incondicional...
Como falou o Mestre Taniguchi...

"...eles se vão porque já cumpriram a tarefa de contribuir de alguma forma para o desenvolvimento de nossa alma"
Você ficará para sempre em nossos corações