segunda-feira, 16 de maio de 2016

Nas profundezas do coração...


Eu sempre faço caminhadas planejadas. Mas, naquele dia, saí por aí sem destino. Estava furioso. As coisas não estavam dando certo. Ensinaram-me a confiar. Confiar em quem? Eu precisava chutar alguma coisa pela calçada. Por pouco não xinguei um transeunte. Minha cabeça não parava. Tentava encontrar uma explicação. Foram vários episódios. Fugiram ao meu controle. Roubaram as ferramentas do meu auto. A oficina cobrou tudo. Mas pouco fez. Uma editora não fez o meu livro. Mas, também, não devolveu o numerário. O preço dos remédios subiu. De novo! O salário dos aposentados, dos professores e dos militares está, praticamente,  congelado. Os impostos da Prefeitura estão abusivos. Os cartórios viraram “mina de ouro”. A cidade está cheia de veículos. Conduzidos por cidadãos de categoria inferior. Atropelaram, na minha frente, um belo cão pastor alemão. Um carro dobrou, mas não deu o sinal. Outros não pararam na faixa. Como no cinema, eu estava vivendo “UM DIA DE FÚRIA!” Decidi, então, entrar na Igreja. Estava fechada. E, agora, CLAUDIO?! Que faço eu da vida sem esperança?!    De repente, avisto uma charrete deslocando-se pela Avenida SÃO LUIZ. Conduzida por um adulto miserável, trajando roupa suja. Transportando várias crianças pequenas. E dezenas de sacolas com objetos recolhidos pela Capital. Não cabia mais nada naquele veículo da classe “E”. O cavalo, cansado, seguia ao trote. Bem na frente da Igreja SÃO FRANCISCO, aquele infeliz chefe de família levantou-se, lentamente, equilibrando-se… Correndo o risco de tomar um tombo de três metros de altura. Com admirável devoção, com imperial respeito, com a mão direita, fez o Sinal da Cruz. Um pequeno milagre… escondido numa grande cidade! Aquele homem paupérrimo curou a minha revolta. Ele me surpreendeu: como é que pode?! A fome não expulsa DEUS do coração humano! A miséria não cala a voz de JESUS no coração gaúcho! Nem tudo está perdido! Vamos começar tudo de novo!
 DEUS não foi embora! JESUS DE NAZARÉ está vivo!
 Eles vivem nas profundezas… dos corações mais humildes…
Cláudio Frederico Vogt

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