sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O segredo de uma maturidade feliz...




Alguém aí já comeu manga madura, bem suculenta, provou seu suco doce, que escorre pela boca? Sentindo o gosto da fruta, a gente tem certeza de que ela está no seu auge. A sua "madurez" é desejada. Ninguém vai ter essa sensação quase erótica ao morder uma manga verde e dura.
Então por que será que a gente não consegue transpor esse exemplo para nossa própria vida? Por que a maturidade, ou o envelhecer, nos apavora tanto?
O processo que, de acordo com a natureza, nos deixaria mais doces e tenros, mais plenos e ricos, desabrochando para o que realmente somos, é visto hoje como um castigo contra o qual se deve lutar a todo custo. Mas não precisa ser assim. Saber como fazer isso é o grande segredo da maturidade feliz.
Quando se fala de envelhecer, de chegar à maturidade e continuar a aproveitar tudo a que temos direito, nossos irmãozinhos chineses têm muito a dizer. "Na China, quem está na faixa dos 50 anos, por exemplo, é considerado um ´jovem maduro´. Para a cultura tradicional chinesa, um homem ou uma mulher nessa idade está no auge de tudo o que ele é", afirma Roque Enrique Severino, professor de tai chi há 35 anos.

Serão os chineses uns otimistas desenfreados? Uns malucos fora da realidade? Provavelmente não. Os chineses, conectados com a medicina tradicional do seu país, conhecem a energia vital que percorre o corpo. Sabem de seus altos e baixos, fluxos e refluxos, excessos e faltas, e os parâmetros ideais para cada fase da vida. Entendem que todo o longo processo da maturidade, que para eles leva de 30 a 40 anos, pode ser vivido com vigor e energia.
Para que a vitalidade flua pelo corpo da maneira mais harmônica possível, dispõem de um arsenal de terapias, técnicas, exercícios, massagens, dietas, tratamentos e também meditações, pois mente, espírito e corpo são uma coisa só, garantem eles. Com a vitalidade em alta, o amadurecer se faz lentamente, sem doenças e limites físicos restritos.
O que antes, durante a juventude, vinha de graça e sem esforço, agora deve ser batalhado. "O modo como enfrentamos a longevidade faz uma diferença monumental para todos nós", diz Jean Carper, autor de Pare de Envelhecer Agora. Envelhecer bem é a arte da compensação: o que se perde é reposto conscientemente, com tai chi, meditação, ioga ou uma moderna dieta que impede a formação de radicais livres.
Os resultados desses métodos, terapias e técnicas podem se tornar visíveis em pouco tempo. "Um dos indicadores mais fáceis para avaliar a vitalidade de alguém é o brilho dos olhos", diz o professor Roque Severino. Se você tiver 50, 60 ou 70 anos e tiver essa luz interna, essa faísca que demonstra o vigor do espírito, é sinal de que o inverno da velhice ainda não se manifestou e que ainda pode estar bem longe.
Aceitação incondicional: eis o caminho
Leia com atenção as próximas frases: "A vida é boa acima de tudo; é boa por si mesma; o raciocínio nada conta para isso. Não se é feliz por viagem, riqueza, sucesso, prazer. É-se feliz porque se é feliz. Como o morango tem gosto de morango, assim a vida tem gosto de felicidade." Antes que você ache que o pensador francês Émile-Auguste Chartier (1868-1951) é outro otimista desenfreado, vamos seguir seu pensamento. "Mesmo as dores, o cansaço, tudo isso tem um sabor de vida. Existir é bom, não melhor do que outra coisa, pois existir é tudo." Bem, talvez seja essa a grande chave: uma aceitação incondicional.
Os anos de maturidade convidam a uma reorientação espiritual fundamental. A primeira metade da vida
é bastante diferente da segunda. Até a meia-idade ela é orientada pelos desejos do ego e da própria
espécie humana: produzir, reproduzir, vencer.
 Depois isso diminui.
Ao redor dos 50, há um desejo profundo de mudar a vida que se levou até então, ou até transformar a maneira de ser: o indivíduo passa a responder mais às leis do espírito. "Na primeira metade da vida, é o mundo exterior que nos chama. Na meia-idade, o mundo interior", dizem elas. Os chamados externos, como a carreira, a manutenção de status, relacionamentos e até a família, mudam de prioridade. Esse é o retrato de uma existência plena, quando a maturidade se completa com fecho de ouro.
Por isso, acredite, o envelhecer só pode ser desejado com alegria. Pense nisso.

Liane Alves

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