sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

José Saramago...


A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam.
 E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa.
 Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:
“Não há mais o que ver”, saiba que não era assim.
O fim de uma viagem é apenas o começo de outra.
 É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava.
 É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles.
 É preciso recomeçar a viagem. Sempre.

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