segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Réquiem...







Há mortos que demoram a morrer
é inútil sepultá-los eles voltam
demoram-se por vezes numa sombra

num braço de cadeira ou no rebordo partido
de uma chávena.

Ou então escondem-se
em pequenas caixas sobre as mesas.
Há objectos que ficam cheios deles
são como o resto transmudado dos ausentes
sua marca na casa e no efémero.
Por isso custa tanto retirar o prato e o talher
arrumar os fatos desfazer a cama.
Há mortos que nunca mais se vão embora.

Há mortos que não param de doer


(Manuel Alegre)







                                             

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