sexta-feira, 20 de abril de 2012

O amor maduro... - A Chegada da Borboleta.

   


Não exige e nem faz demonstrações:                                    
Surge e permanece nas retinas e na alma,
envolve os corações, corpos e mentes
Docemente, de forma suave e absoluta.
Não exige calma, pois ele é a própria paz.
Pra ele tanto faz se jaz a noite ou é dia.
Ele se desnuda em qualquer tempo ou estação,
em pura sedução.

É tão intenso quanto sempre foi
Mas pode ser silencioso... ou não.
É tão profundo quanto o oceano,
não dói e tem recheio de paixão.
E por certo, tão extenso e luminoso
como as planícies, como os desertos....
Pura arte, enfim, é o amor maduro!
Leve e puro...

É definido, colorido, a mais pura poesia.
Não lhe interessa a métrica, mas a rima;
se arrepia e tem um verdadeiro sentido.
Vale o significado, a entonação, o momento.
Vale o que está escrito e virou crença,
Vale a presença, o toque sutil da libido,
o teor do sentimento, a dádiva, o presente.
Literalmente!

Não exige nada, não faz julgamento:
amplia-se com as ausências significantes.
Amadureceu por que soube viver seu tempo
e as vivências em seu âmago absorveu.
Aprendeu, instante a instante, com arte,
as formas trabalhosas de construir felicidade.
Fez do bem e o prazer seu estandarte.
E nunca é tarde.

Este amor amadurecido ainda se expande
no sabor do fruto oferecido em cada estação.
Cresceu na verdade da busca verdadeira,
orientado pelos sinais indizíveis do coração.
Na esteira estendida pelos anjos vindos do céu,
é o mel que adocica as palavras da alcova:
É o alimento da nova vida estampada na face...
e que renasce!

É Fênix, é redenção, o justo prêmio da espera
de quem quis, com calma, a primavera aguardar.
Construiu uma auto-ilusão e nela pôs sua alma.
É o sonho do alquimista transmutando em ouro,
o simples desejo do mortal em amor sublime.
O desdouro em satisfação plena, a auto conquista
que redime, sai de si e busca o outro de repente.
Inapelavelmente...

Do nada, o Tudo irrompe sem nenhum aviso.
A aparência não o ilude. O pouco é suficiente.
Tudo basta e satisfaz a antiga incompletude:
nada mais o atinge, diminui ou corrompe.
E basta um olhar cumpliciado, um leve afeto,
o contemplar a lua, as estrelas e seus mistérios,
para que o refrigério se instale no ambiente.
Rapidamente.

É feito de mistério, música e compreensão.
O amor maduro é um jeito sutil de ser adulto,
de incorporar em si todos os tempos e idades.
É o indulto para ser criança, virar adolescente
e colocar de mãos dadas a razão e a loucura.
Coragem pertinente e submissão escolhida,
Sabedoria pura plantada em solo adequado.
Bem adubado.

Não disputa, não cobra, o amor maduro.
Não precisa saber, por isso não pergunta.
Não tece ou admite argumentos para o temor.
Junta o que sabe e aceita as leis sem temer.
Une o verso à prosa e enaltece em seu amante
apenas a beleza, o Divino de que ele é portador.
Afasta com isso a incerteza, a dúvida, a dor...
revitaliza o amor!

O casal maduro a si é bastante, tira do presente
o fogo que alimenta a chama constante do amor.
O passado redimido é brisa que mantém a chama;
e o futuro, por certo, clama pela sua presença.
A regeneração de cada erro criou a eternidade.
E no ardor dessa fogueira suave ainda amadurece.
Cria-se outra idade, a capacidade de prevalecer
além da vida e da morte, sem pecado e sem juízo,
em um terno e esperado paraíso.

Superou todas as profecias, ameaças ou avisos.
Passou por guerras, terremotos e inundações.
Manteve-se forte em todas as situações de risco.
Foi superior às crises existenciais, buscou um norte,
debelou as epidemias de controle e de ciúme.
Mudou o disco, cutucou a sorte e ainda virou a mesa.
Dos mananciais que jorram do coração, matou a sede.
E deitou-se soberano na rede.

Por encontrar no outro a beleza que o completa,
o amor maduro se consolida como a redenção
e desnuda de vez a parte salva de cada pessoa.
É porta aberta para o infinito e a concretude.
Busca amiúde completar, acertar os detalhes:
Uma pincelada aqui, outra ali, um ajuste, um enfoque,
um toque, um olhar um sorriso, um compreender.
Um ceder, sem retroceder.

O amor maduro cuidou do seu jardim.
E vieram as borboletas.

Já não pede um refúgio,
Tem! - ... um teto!

Atingiu um objetivo,
já não precisa de metas...

                                                                  
O amor maduro é assim:
Vivo, infinito e completo!                              (Expedito G.Dias) 


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