Uma bola de pelos, pulgas, alguns ferimentos, uma perna fraturada, um corte na orelha.
Um olhar de carências.
E foi este olhar que me conquistou. Acolherei-o de pronto. Tratei de seus ferimentos, tosei-lhe o pelo, enfaixei-lhe a perna. Dei-lhe comida e carinho
. Ele retribuiu: à medida que se restabelecia mais se grudava em mim. Para onde eu me dirigisse, ele me seguia. Os olhos de carências foram substituídos por olhos de carinhos
. Este é o Dom Luís.
Dei-lhe este nome por seu porte e sua fidalguia. Dizem por aí que é um golden retriever, seja lá o que isto for. Porte avantajado, pelo de mel, lanudo, brincalhão que dá gosto.
Gosta de água como poucos.
Quando vamos ao riacho curar a lerdeza do dia é o primeiro a entrar na água. E o último a sair. Pula em cima de mim, me lambe, o rabo é um espanador de tanta alegria.
Um companheiraço
. É de vê-lo correndo atrás das galinhas, não para pegá-las, mas para se divertir com os cocoricós espavoridos. É de vê-lo com a lebre! Ela o provoca se aproximando ao máximo. Ele lhe dá corda aguardando-a deitado, os olhos brilhantes, língua de fora. Num repente soltam a correr.
Em algumas vezes, Dom Luís imobiliza a lebre com seu corpo. Aí, a fareja, lambe, depois a larga, que foge estabanada.
Para voltar no dia seguinte a provocá-lo.
Já aconteceu da lebre trazer-lhe uma cenoura de presente e ele presenteá-la com um pouco de ração. É de se ver o silêncio e a atenção em que ele se põe quando me vê imerso folheando um livro ou matutando minhas tristessências
. Há dias em que saímos catando as pitangas que a vida oferece. Há noites em que, se estamos na rede, cuidamos os vaga-lumes em suas danças de mistérios.
Ele me defende se me atacam.
Ele me consola se eu choro.
Ele me recolhe se esqueço de mim e me perco.
Quando pequeno dormia próximo ao fogão de lenha. Cresceu um tanto e se arranchou à porta do quarto. Hoje dorme no quarto, num pelego aos pés da cama. E adivinho, breve estará sobre a cama. O que não me desagrada.
A um amigo de toda a vida, companheiro de estrada, não se nega pouso.
Um olhar de carências.
E foi este olhar que me conquistou. Acolherei-o de pronto. Tratei de seus ferimentos, tosei-lhe o pelo, enfaixei-lhe a perna. Dei-lhe comida e carinho
. Ele retribuiu: à medida que se restabelecia mais se grudava em mim. Para onde eu me dirigisse, ele me seguia. Os olhos de carências foram substituídos por olhos de carinhos
. Este é o Dom Luís.
Dei-lhe este nome por seu porte e sua fidalguia. Dizem por aí que é um golden retriever, seja lá o que isto for. Porte avantajado, pelo de mel, lanudo, brincalhão que dá gosto.
Gosta de água como poucos.
Quando vamos ao riacho curar a lerdeza do dia é o primeiro a entrar na água. E o último a sair. Pula em cima de mim, me lambe, o rabo é um espanador de tanta alegria.
Um companheiraço
. É de vê-lo correndo atrás das galinhas, não para pegá-las, mas para se divertir com os cocoricós espavoridos. É de vê-lo com a lebre! Ela o provoca se aproximando ao máximo. Ele lhe dá corda aguardando-a deitado, os olhos brilhantes, língua de fora. Num repente soltam a correr.
Em algumas vezes, Dom Luís imobiliza a lebre com seu corpo. Aí, a fareja, lambe, depois a larga, que foge estabanada.
Para voltar no dia seguinte a provocá-lo.
Já aconteceu da lebre trazer-lhe uma cenoura de presente e ele presenteá-la com um pouco de ração. É de se ver o silêncio e a atenção em que ele se põe quando me vê imerso folheando um livro ou matutando minhas tristessências
. Há dias em que saímos catando as pitangas que a vida oferece. Há noites em que, se estamos na rede, cuidamos os vaga-lumes em suas danças de mistérios.
Ele me defende se me atacam.
Ele me consola se eu choro.
Ele me recolhe se esqueço de mim e me perco.
Quando pequeno dormia próximo ao fogão de lenha. Cresceu um tanto e se arranchou à porta do quarto. Hoje dorme no quarto, num pelego aos pés da cama. E adivinho, breve estará sobre a cama. O que não me desagrada.
A um amigo de toda a vida, companheiro de estrada, não se nega pouso.
(Sérgio Napp)
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