domingo, 16 de junho de 2013

Ao que vai chegar....



Apresento ao pequeno número de meus leitores a crônica abaixo feita a meu pedido pela minha filha
Georgia enquanto eu ouvia a música de Toquinho que dá o título acima. Ao que vai chegar foi feita enquanto Toquinho aguardava o nascimento de seu filho, Pedro. Ao que vai chegar, deveria chegar para ser bem melhor do que seu pai. É isso que percebo ao ler o que se segue, escrito por uma garotinha de dezoito anos. Eis:

 Paul McCartney sempre foi meu Beatle preferido por um motivo duvidoso que vai muito além de seu talento musical: o modo como ele encarou a morte de seu maior amigo (embora também maior rival), John Lennon.  Retomando um pouco dos conhecimentos gerais a respeito dos Beatles, Paul foi o primeiro a sair da banda pra dar início a toda uma carreira solo ao lado de sua então esposa e uma nova banda. Teorias a parte, foi a partir daí que John e Paul quebraram o elo mais famoso da história da música passando até mesmo anos sem se falarem.

 Na noite de oito de dezembro de mil novecentos e oitenta Paul foi avisado do assassinato de John e disse, anos mais tarde, ter passado a noite chorando enquanto assistia o noticiário. Eu não sei exatamente o que Paul sentiu ao saber da morte de seu melhor amigo depois de anos sem falar com ele, mas sei que a história de John e Paul me faz pensar na efemeridade da vida. Ninguém vive pra sempre até que seja provado o contrário, então por que exatamente insistimos continuamente em adiar a felicidade, adiar o amor, adiar o perdão, adiar as decisões?

 Por algum motivo cósmico inexplicável fomos criados pra sermos socialmente aceitáveis e não felizes. Hoje em dia felicidade é coisa de gente corajosa – você não pode largar tudo e passar a vida viajando pela Ásia apenas porque isso te fará feliz, porque isso será mal visto socialmente. Você não sai de pantufas na rua mesmo que seja mais confortável, porque isso é socialmente desagradável pra sociedade. Então aqui vai a minha teoria, parafraseando o premiado filme “Clube da Luta”: você só vai ser livre a partir do momento que perder tudo. Você só vai fazer o que quiser a partir do momento que não se importar com o que ninguém mais vai achar do que te trouxer felicidade.

 Da mesma forma que Paul homenageia George,  Linda e “mother Mary”, Paul homenageia John em todas as turnês que faz até hoje. Hoje Paul escreve músicas a respeito, dá (embora escassas) entrevistas a respeito dele e assume o que sempre nos foi óbvio: de nada teria sido Paul sem John. Eu não sei por qual razão Paul e John jamais reataram a amizade depois do fim dos Beatles, mas sei que foi necessário um perder o outro pra sempre pra destravar o orgulho e reacender a paixão que tinha pelo melhor amigo. Eu tenho certeza que Paul  McCartney se arrepende todos os dias por isso, e John Lennon também – seja lá onde ele estiver. Mas fica a lição: nós não precisamos perder tudo pra expressarmos o que sentimos, basta seguirmos o nosso coração não se importando com o que vão achar.

 Sempre vão achar alguma coisa. Ao menos que achem com seu coração cantando.

                                                        (Jorge Anunciação)


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