sábado, 29 de junho de 2013

Santo Padroeiro...


                                          (Texto extraído do Jornal “O Lírio” – Corpo de Voluntários da AACD)



De alguma maneira visualizo Deus pairando no ar, sobre a Terra, selecionando seus  instrumentos de propaganda com muita deliberação e atenção. Conforme observa, vai instruindo seus anjos para anotarem em um grande livro. “Para Antônio e Elizabete mande um menino, Santo Padroeiro... São Mateus. Para Francisco e Cristina, dê-lhes uma menina. Santa Padroeira... Santa Cecília, Daniel e Sônia... gêmeos. Santo Padroeiro... dê-lhes São Geraldo, ele já está acostumado a profanações”.
Finalmente, passa um nome ao anjo e sorri. “Dê-lhes uma criança deficiente”. O Anjo curioso pergunta. “Por que a eles Senhor, se eles são tão felizes”?
“Exatamente por isso, poderia Eu dar uma criança deficiente à uma mãe que não soubesse sorrir? Seria cruel demais"!
“Mas ela é paciente?” Pergunta o Anjo.
“Não a quero paciente, ou mergulhará num mar de autopiedade e desespero. Uma vez passado o impacto do choque e do ressentimento, ela saberá controlar a situação. Eu a estive observando. Tem sensibilidade e independência tão raras e necessárias a uma mãe.
Veja a criança que vou lhe dar, ela terá seu próprio mundo, e isso não é fácil”.
“Mas Senhor, nem mesmo sei se ela acredita na sua existência”!Deus sorriu, “não importa, nisso posso dar um jeitinho. Sim, ela é perfeita! Tem o egoísmo suficiente”.
O Anjo assustou-se; Egoísmo? E isso é virtude?
Balançando a cabeça afirmativamente Deus respondeu. Se ela não conseguir separar-se ocasionalmente de seu filho, não sobreviverá.
Sim, aqui está a mulher que abençoei com uma criança menos que perfeita. Ela ainda não tem consciência disso, mas é uma escolhida.
Ela nunca desprezará uma palavra dita, nunca considerará um passo como corriqueiro. Quando seu filho pela primeira vez puder dizer “MAMÃE’’, ela presenciará um milagre e saberá que é um milagre. À ela darei o DOM de ver claramente o que eu vejo, ignorância, crueldade, preconceito... e dar-lhe-ei o Dom de passar sobre elas, nunca estando sozinha. Estarei a seu lado cada minuto de cada dia de sua vida, porque ela estará fazendo meu trabalho tão bem como se estivesse aqui a meu lado’.
‘E o Santo Padroeiro, quem será”? Perguntou o Anjo com a caneta suspensa no ar.
Deus sorriu:
“Um espelho, para a mãe, será suficiente


sexta-feira, 28 de junho de 2013

Crianças Índigo e Cristal...


Carta de um excepcional...



Num raro momento de     
felicidade retomei a
consciência e por alguns
instantes, libertei-me do
corpo.

Livre dos embaraços físicos,
pedi a Deus a oportunidade
de comunicar-me com você.

Sei o quanto sofres
ao ver-me no corpo excepcional
onde me abrigo como filho
do teu coração,
por isso, quis falar-te

Saiba, mãezinha querida,
antes de receber-me
carinhosamente em teu ventre
eu era apenas um náufrago
nos mares espirituais do sofrimento,
você foi a praia que me acolheu,
devolvendo-me a segurança.

O que mais importa pra mim é viver,
o teu amor é a força
que pode prolongar-me a vida.

O corpo disforme, que hoje sustenta-me a vida,
representa pra mim um tesouro de bênção,
onde reeduco o meu espírito
aprendendo a valorizar a vida
que tantas vezes desprezei.

Sei que sofres por eu não poder dar-lhes
as alegrias de uma criança sadia,
porém reconforta-me saber que as mães
como você Deus reserva as alegrias Celestiais.

Ser mãe é missão natural das mulheres.
Ser mãe de alguém como eu
é missão que Deus só entrega
a mulheres especiais como você.

Vou retornar ao corpo,
assim como uma ave que retorna ao ninho
onde se abriga das tempestades,
mas antes rogo a Deus que te abençoe,
colocando nesta rogativa
a forma de gratidão de um filho 
que teve a felicidade de ter um anjo como MÃE!



              (Psicografado pelo médium N.Moraes em 22/08/89) 





segunda-feira, 24 de junho de 2013

Quão grande és tu....


Luciana...

Família, não sou muito boa ao me manifestar nestas horas difíceis, talvez me faltem palavras, fico preferindo o silêncio! Mas refletindo sobre a passagem da Lu algo importante me veio ao pensamento: a necessidades de agradecer, agradecer a tia Tere e a Lu pelo exemplo de amor incondicional que nossa família teve oportunidade de testemunhar durante a existência da Luciana entre nós, que devemos guardar como lição de vida para sempre. Tia Tere: desejo muita força neste momento e pode contar conosco aqui, que a Lu descanse em paz, sua missão entre nós com certeza foi bem cumprida. Um abraço fraterno a todos da família e que a paz esteja conosco! 

 Refletindo sobre a passagem da Lu algo importante me veio ao pensamento: a necessidades de agradecer, agradecer a tia Tere e a Lu pelo exemplo de amor incondicional que nossa família teve oportunidade de testemunhar durante a existência da Luciana entre nós, que devemos guardar como lição de vida para sempre.
 Tia Tere:  desejo muita força neste momento e pode contar conosco aqui, que a Lu descanse em paz, sua missão entre nós com certeza foi bem cumprida.
 Um abraço fraterno a todos da família e que a paz esteja conosco.
                                                                                                                                     (Renete)

Luciana...

                                                       

Meu anjo acabou de partir!
Logo nos reencontraremos, meu amor!

(Tere -21/06/2013)



Luciana....




"Vou lhe emprestar por algum tempo um filho meu" - disse ELE             
"Para você amá-lo enquanto ele viver e chorar quando ele morrer...
Poderão ser seis ou sete anos ou vinte e dois ou vinte e três...
Porém, enquanto eu não o chamar de volta, você tomará conta dele para mim"?





segunda-feira, 17 de junho de 2013

Charles Chaplin...



A  coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina.
 Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente.
 Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.
Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo.
 Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar.
 Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria.
 Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.
Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando.
 E termina tudo com um ótimo orgasmo!
 Não seria perfeito?


domingo, 16 de junho de 2013

Ao que vai chegar....



Apresento ao pequeno número de meus leitores a crônica abaixo feita a meu pedido pela minha filha
Georgia enquanto eu ouvia a música de Toquinho que dá o título acima. Ao que vai chegar foi feita enquanto Toquinho aguardava o nascimento de seu filho, Pedro. Ao que vai chegar, deveria chegar para ser bem melhor do que seu pai. É isso que percebo ao ler o que se segue, escrito por uma garotinha de dezoito anos. Eis:

 Paul McCartney sempre foi meu Beatle preferido por um motivo duvidoso que vai muito além de seu talento musical: o modo como ele encarou a morte de seu maior amigo (embora também maior rival), John Lennon.  Retomando um pouco dos conhecimentos gerais a respeito dos Beatles, Paul foi o primeiro a sair da banda pra dar início a toda uma carreira solo ao lado de sua então esposa e uma nova banda. Teorias a parte, foi a partir daí que John e Paul quebraram o elo mais famoso da história da música passando até mesmo anos sem se falarem.

 Na noite de oito de dezembro de mil novecentos e oitenta Paul foi avisado do assassinato de John e disse, anos mais tarde, ter passado a noite chorando enquanto assistia o noticiário. Eu não sei exatamente o que Paul sentiu ao saber da morte de seu melhor amigo depois de anos sem falar com ele, mas sei que a história de John e Paul me faz pensar na efemeridade da vida. Ninguém vive pra sempre até que seja provado o contrário, então por que exatamente insistimos continuamente em adiar a felicidade, adiar o amor, adiar o perdão, adiar as decisões?

 Por algum motivo cósmico inexplicável fomos criados pra sermos socialmente aceitáveis e não felizes. Hoje em dia felicidade é coisa de gente corajosa – você não pode largar tudo e passar a vida viajando pela Ásia apenas porque isso te fará feliz, porque isso será mal visto socialmente. Você não sai de pantufas na rua mesmo que seja mais confortável, porque isso é socialmente desagradável pra sociedade. Então aqui vai a minha teoria, parafraseando o premiado filme “Clube da Luta”: você só vai ser livre a partir do momento que perder tudo. Você só vai fazer o que quiser a partir do momento que não se importar com o que ninguém mais vai achar do que te trouxer felicidade.

 Da mesma forma que Paul homenageia George,  Linda e “mother Mary”, Paul homenageia John em todas as turnês que faz até hoje. Hoje Paul escreve músicas a respeito, dá (embora escassas) entrevistas a respeito dele e assume o que sempre nos foi óbvio: de nada teria sido Paul sem John. Eu não sei por qual razão Paul e John jamais reataram a amizade depois do fim dos Beatles, mas sei que foi necessário um perder o outro pra sempre pra destravar o orgulho e reacender a paixão que tinha pelo melhor amigo. Eu tenho certeza que Paul  McCartney se arrepende todos os dias por isso, e John Lennon também – seja lá onde ele estiver. Mas fica a lição: nós não precisamos perder tudo pra expressarmos o que sentimos, basta seguirmos o nosso coração não se importando com o que vão achar.

 Sempre vão achar alguma coisa. Ao menos que achem com seu coração cantando.

                                                        (Jorge Anunciação)


sábado, 15 de junho de 2013

Cuitelinho...


Se enamora...


  • Por um momento sem ar! O ritmo mais discreto produziu o fôlego necessário para encontrar a infância guardada na música junto com tudo o que sobrou da escola, das paixões primeiras salvaguardadas na memória tateada pela emoção de um tempo em que só o que registrava era o coração, de quando ele não sabia ouvir as mentiras da razão. (César Borralho) 




Lembrança...

                                                                                                           

 

Ontem atendi uma cliente nova. Marcou a consulta por telefone, e a atendi à tardinha. Quando abri a porta me deparei com uma linda jovem, em torno de 30 anos, cabelos longos castanho-claro, com um semi-rabo-de-cavalo, olhos e cílios muito grandes, castanhos esverdeados, alta e elegante. Tinha dentes grandes e um bonito sorriso. Seu nariz não era muito perfeito, e parecia ter rinite, pois fungava o tempo todo. Seu tom de voz era baixo, calmo, e falava mantendo um sorriso tímido. Esfregava muito as mãos e muitas vezes ria olhando para o alto ou para o lado, num jeito meio tímido e infantil. Senti imensa ternura por ela assim que a vi, e quase não prestava atenção no que ela dizia, porque a vontade que eu tinha era de abraçá-la. Num primeiro momento achei que ela me lembrava muito a Natália, ...mas a ouvindo falar, especialmente seu jeito e seus gestos, percebi que via nela a Gabi. Não quero que vocês fiquem tristes, nem sei se deveria estar contando isso aqui, mas o que senti ao ver aquela menina foi uma imensa ternura e ao mesmo tempo uma alegria. Como se de repente sentisse que esse reencontro vai efetivamente acontecer. Um dia nós todos nos reencontraremos, e será muito natural, como se abríssemos uma porta e ali estivesse aquela pessoinha tão amada. E será como o tempo não tivesse passado, e simplesmente estivéssemos juntos outra vez. A minha cliente está pensando em se divorciar, mas eu tentei fazê-la desistir disso, porque me pareceu que aquela decisão não está madura e ela ainda ama seu companheiro. Quando se despediu fiquei com muita vontade de lhe dar um abraço muito apertado. Não fiz isso por vergonha, mas desejo do fundo do coração que ela seja muito feliz, porque ela me deu um presente, que estou procurando dividir com vocês: a certeza que ainda vamos nos reencontrar com aquele anjo que partiu tão cedo. Esse reencontro será muito lindo, muito natural e muito feliz..
(Bernadete - 15/06/2013)
 

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Tocando em frente...


Relacionamentos Duradouros...

                                                                             


Na atualidade, há muitas queixas entre os homens e as mulheres sobre a inconstância dos relacionamentos, mas qual será o foco das atenções das pessoas no cotidiano? Vivenciamos as transformações da sociedade de consumo e da indústria cultural, bem como suas repercussões no comportamento humano. Investe-se muito tempo no sucesso da vida profissional; investe-se muito tempo para se ter cada vez mais recursos materiais. Corre-se de um lado para o outro, e os vínculos pessoais como ficam?
Quando nos sentimos amados, valorizados e compreendidos, temos forças para enfrentarmos os obstáculos que a vida nos apresenta. Desta forma, a qualidade do relacionamento íntimo se repercute na saúde mental, física e profissional, pois nos proporciona o sentimento de mais valia e segurança.
 É certo que a satisfação conjugal não é simples de se alcançar. Ela envolve muitos fatores: valores, atitudes, expectativas, nível cultural, nível socioeconômico, etapa do ciclo de vida, experiência sexual, etc. Por outro lado, estar junto por muito tempo, necessariamente, não significa que há um bom relacionamento.
 Ao longo da história humana, fatores (sócio, econômico, político e cultural) contribuíram para que, em muitas sociedades, predominassem nos relacionamentos de casal a monogamia. De outra forma, os preconceitos traziam sérios contratempos à separação do casal, principalmente para mulheres.
 Hoje, a mulher submissa ao homem está em processo de extinção. A teoria que apoiava a infidelidade masculina como uma necessidade deixa de existir. As mulheres se dão o mesmo direito que os homens quanto ao exercício das relações sexuais, inclusive as extraconjugais.
 Em alguns estudos sobre uniões de mais de vinte anos, encontram-se características, tais como: compromisso com a relação; respeito pelo outro; abertura mútua; valores morais fortes e compartilhados; lealdade e expectativa de reciprocidade; compromisso com a fidelidade sexual.
 Muitos casamentos não sobrevivem ao momento do “ninho vazio”, o da saída e/ ou independência dos filhos, e o divórcio acontece após vinte e cinco anos ou mais de casados. São casais que ficaram muito  “pais” e esqueceram  de ser homem e mulher na relação.
 As relações duradouras e estáveis favorecem aos cônjuges um refúgio em relação ao mundo de estresse e de violência em que vivemos, bem como proporcionam o equilíbrio para lidarmos com os outros sistemas sociais. Contudo, o perigo é que ocorra a acomodação e não enfrentem as mudanças necessárias.
A construção da vida a dois é um processo. È necessário ter criatividade para cada dia adicionar um ingrediente novo, dando um gostinho de quero mais. É necessário nutrir a relação, para que ela seja proveitosa para os dois, buscando encontrar equilíbrio do nós e do eu, compartilhando interesses e relacionamento afetivo-sexual. Assim sendo, nessa construção, é fundamental alimentar sempre a chama da  relação homem mulher.
Enfim, respeito, dedicação e afeto, trilogia que pode formar a “poção mágica” do relacionamento duradouro, criativo e satisfatório.

Norma Emiliano

terça-feira, 11 de junho de 2013

Abre a temporada das Festas Juninas...



Brincadeira, diversão, comidas típicas. Assim são feitas as festas juninas que já fazem parte do calendário de festejos de grande parte das escolas de Passo Fundo, sejam municipais, estaduais ou particulares. Entretanto, o grande público desconhece a origem das comemorações. Segundo a professora dos cursos de graduação e pós-graduação em História da Universidade de Passo Fundo, Gizele Zanotto, o mês de junho é dedicado à festa de três santos importantes.

“Portanto, tratam-se de festas juninas, no plural. Os homenageados são Santo Antônio (também conhecido como Santo Antônio de Lisboa ou de Pádua, pois nasceu em Lisboa/Portugal, mas acabou posteriormente atuando e chegou a falecer em Pádua/Itália), cuja festa se comemora no dia 13; São João Batista, primo e batizador de Jesus Cristo, cuja festa se comemora no dia 24; e São Pedro (às vezes mencionado também São Paulo, já que ambos tem a homenagem do martírio na mesma data), cultuado no dia 29”, explica a professora.
Conforme Gizele, é interessante perceber que os três santos homenageados com as festas juninas têm destaque na história da Igreja Católica Apostólica Romana e se sobressaem por diferentes razões junto aos fiéis. “O Santo Antônio tem vasta fama de casamenteiro e também de auxiliador na busca por objetos perdidos; São João remete aos injustiçados pelas causas da fé e sofredores em geral; e São Pedro tem relação com as chuvas e fartura”, salienta.
Tradição das festas e da fogueira
Alguns dos principais símbolos dessas festas são a fogueira e as danças, que foram incorporadas segundo, basicamente, histórias bíblicas. Para Gizele, existem várias versões da formação da tradição junina, “o que podemos corroborar de fato é que há uma ressignificação de festas pagãs muito antigas dedicadas às colheitas e ao solstício de verão – que acontece no hemisfério norte em 21 de junho. Tais tradições foram sendo agregadas de sentidos cristãos e também incorporaram algumas práticas de festas que acabaram se sobrepondo à própria significação religiosa em muitos contextos. Mais do que propriamente festas seculares com base religiosa, as festas juninas têm cada vez mais evidenciado símbolos festeiros como os balões, o pau de sebo (também chamado em certas regiões de pau de São João), as bandeirinhas, as quadrilhas, as comidas típicas (sobretudo nas quermesses), jogos e danças e a fogueira”, destaca.

O fogo especificamente, de acordo com a professora, possui uma simbologia que a vincula à iluminação, calor, aconchego, proteção, purificação, anúncio, ao mesmo tempo em que pode remeter à destruição, ao inferno, à purgação. “Nas festas juninas o sentido positivo do fogo é mais evidente. Junto a isso, festejar ao redor de fogueiras tem sido um hábito muito difuso por várias culturas. Nas festas das colheitas não foi diverso, de modo que tal tradição foi agregada às festas juninas, mas também ressignificadas e articuladas à devoção aos três santos”, especifica. Por isso, fogueiras diferentes simbolizam então a homenagem a cada um dos santos: “Santo Antônio tem uma fogueira com lenhas organizadas em forma de quadrado; São Pedro em triângulo e São João em forma de cone, e quanto mais alta melhor, pois simboliza o teor da crença no padroeiro e a fartura que se quer homenagear ou requisitar para o próximo ano”, lembra Gizele.

Digiriatria: Seremos todos velhos digitais (Dado Schneider)

segunda-feira, 10 de junho de 2013

A última aula....



Já estava nos momentos finais da aula: a última antes da minha aposentadoria. Com uma tristeza mal disfarçada percebi que aquela sala era a mesma onde havia começado minha vida acadêmica. Pura coincidência: minha última atividade como docente no Curso de Direito da UFSM, acontecia no mesmo local onde tive minha primeira atividade como jovem e orgulhosa acadêmica de Direito.


Mais uma coincidência: naquele momento ouvi batidas na porta, pedi licença aos alunos e, para minha surpresa, deparei-me com a velha senhora. Tratava-se de uma cliente a quem tinha atendido muitos anos antes, quando atuava como orientadora no Estágio Supervisionado. Ela disse que estava a minha procura para ter informações sobre um valor que lhe era devido pelo Estado desde 1994. Lembrei que foi um dos primeiros processos em que atuei com os alunos, onde ela teve reconhecida judicialmente sua condição de pensionista, como companheira do segurado do IPE, e até aquele momento não havia conseguido receber seus atrasados.


Aquela inesperada interrupção despertou lembranças escondidas que se revelaram com uma clareza inesperada. Dei-me conta de que, na função de orientadora do Estágio Supervisionado, vivenciei meus melhores tempos de professora universitária. Como estagiária, no mesmo local, também tive grandes alegrias, como no êxito obtido no pedido de relaxamento de uma prisão, que possibilitou a um presidiário assumir um cargo no concurso público em que havia sido nomeado. Momento mágico: uma jovem estudante de Direito entregando um alvará de soltura para o diretor do Presídio Regional de Santa Maria.


 No ano de 1979 fui apresentada ao mundo do Direito na UFSM. Passei cinco anos na chamada “Antiga Reitoria”, integrando sempre a mesma turma “11”: um grupo de acadêmicos unidos pelos mesmos interesses e ideais. Minha geração foi fundadora do Diretório Livre do Direito e a que experimentou a primeira greve dos docentes universitários. Assisti junto a eles o retorno da democracia no Brasil: lembro-me da vinda do então sindicalista Lula como palestrante em Santa Maria; acompanhei com meus colegas o retorno dos exilados políticos; o episódio da Guerra das Malvinas; o atentado do Riocentro; os primeiros passos para a nova constituição e o movimento pelas eleições diretas. Eram tempos difíceis: os jovens estavam confusos e ainda havia muita desconfiança no mundo acadêmico. Mas tínhamos esperança na busca de um novo Brasil. Nossa formatura foi em 1983. Momento de muita emoção, onde a alegria da conquista se misturava com a tristeza da separação e o medo do futuro.  


Retornei à instituição onze anos depois, desta vez como professora. Reencontrei alguns dos meus mestres, agora como meus colegas. Pouca coisa havia mudado no Curso de Direito: a mesma estrutura, o mesmo currículo, as mesmas obras na biblioteca, as mesmas salas e carteiras. Porém a qualificação dos alunos passou a ser muito maior, especialmente por conta da concorrência na seleção do vestibular. Foi um grande desafio e um privilégio trabalhar com esses acadêmicos. Suas expressões, olhares atentos e as perguntas inteligentes e instigantes, provocaram meu comprometimento para novas pesquisas e aperfeiçoamento.


 Nos dezesseis anos de atuação docente na UFSM, passei grande parte como orientadora do estágio supervisionado. Na “Assistência”, como carinhosamente chamávamos o Núcleo de Prática Jurídica, eu conheci e orientei alunos repletos de teoria e sedentos da prática, emoldurados pelo idealismo na busca da justiça.


No velho casarão, ao lado da “Antiga Reitoria”, a maioria desses jovens teve seu primeiro contato com o mundo profissional, interagindo com as mais diversas pessoas e os mais diferentes dramas. Jovens que se apresentavam como instrumentos de resolução dos problemas daqueles clientes e que, invariavelmente, surpreendiam-se pela confiança e expectativa que aquela população depositava neles. Muitas vezes as dificuldades práticas e os resultados obtidos os decepcionavam...


 Lembro-me de um aluno fazendo “plantão” no gabinete de um secretário municipal, para protestar pela cobrança da expedição de uma certidão pública, já que a própria Constituição determinava a gratuidade. Nunca me esquecerei de uma jovem estagiária levando pela mão uma pobre senhora idosa, subindo a rua em direção ao prédio do INSS, para encaminhar um benefício previdenciário. Recordo-me especialmente da algazarra e da alegria das turmas na expectativa e planejamento das formaturas, mas, ao mesmo tempo, o que mais lembro, é da seriedade e da responsabilidade daquela juventude no trato com o direito “vivo”.


Naquele velho casarão da Floriano Peixoto passaram muitas histórias de vida: o Senhor Leontínio, velho morador de rua, que, apesar de ter seu processo indenizatório vitorioso, não teve a chance de usufruir dos valores angariados, pois faleceu antes. Seus olhos cheios de lágrimas na sala de audiência, ao pegar na minha mão para dizer que não estava entendendo nada do que o juiz falava, em virtude de seu problema de audição, fez com que esse momento fosse marcante na minha vida profissional.


 Dona Alzira, que era como a Irene de Manoel Bandeira: negra, boa e estava sempre de bom humor. Ao conseguir êxito no seu processo de usucapião, na sala de audiência do fórum, ela ouviu a leitura da sentença como quem recebe um troféu.


 A jovem Suelen que, satisfeita, recebeu o Mandado de Retificação Civil, alterando seu prenome, antes registrado como Sueli, por causa da ignorância do pai, que não soube informar adequadamente ao oficial o desejo da mãe.


 A sadia discussão entre os alunos sobre qual a ação possessória a ser utilizada frente ao desespero da cliente que descobriu a violação da sepultura de sua mãe, ao encontrar, no Dia de Finados, o túmulo pintado de outra cor, ação dos familiares do “novo ocupante”.


 Tantas ações de alimentos, filiações, separações, reflexos dos desejos, necessidades e litígios que nascem na área familiar. Conflitos que demonstram a preponderância da emocionalidade humana que hoje é reconhecida como um valor jurídico. Todas essas histórias a serviço da formação acadêmica dos jovens ávidos de aprendizagem.


            Voltei à realidade, atendi a velha senhora e encerrei minha aula tentando conter as lágrimas e lutando pela firmeza na voz. Acho que meus alunos não perceberam minha tristeza. Na sala dos professores não havia ninguém para eu me despedir. Nem o quadro de formatura da turma de 1983 se encontrava mais pendurado na parede do corredor. Estava velho demais e foi para um depósito. No seu lugar, painéis mais modernos, com fotografias coloridas de rostos jovens e felizes.


 De forma melancólica, terminei a minha história com a UFSM evitando o velho elevador e descendo pelas escadas: do quarto andar para a agitação da Rua Floriano Peixoto, passando lentamente na frente do velho casarão da Assistência Judiciária.
 


 A presente crônica foi escolhida em 1º lugar no 6º Concurso de Crônicas da UFSM  Categoria Servidores Aposentados, em novembro de 2012. Todos os fatos aqui relatados são verídicos. 
Dedico essa conquista ao Sr Leontínio, morador de rua e um cliente inesquecível, que, em virtude da lentidão do nosso sistema jurídico, não conseguiu em vida usufruir de seu direito tardiamente reconhecido...
(Bernadete Schleder dos Santos)

Somos poemas de Deus...


A música do túnel...



Minha coleção de fitas cassete cabia numa caixa. Eu tinha Roxette, Engenheiros do Hawaii, a trilha internacional de Mulheres de Areia, e depois sobretudo coletâneas de pedaços favoritos de CDs, músicas gravadas do rádio, presentes de amigas que moravam longe e que eu acabei nunca encontrando (a letra da menina de Araraquara era muito mais bonita que a minha). Hoje eu tenho 7.517 canções. Posso levá-las a qualquer lugar. 7.517 canções na sala, na cobertura do prédio, 7.517 canções andando de roller no Gasômetro, deslocando-se pela BR-290, contemplando o céu estrelado no sítio do meu avô. Mas aí eu me pergunto: que preço, emocionalmente falando, nós pagamos pelo benefício de podermos ouvir qualquer música a qualquer momento?
Vamos pensar por contraste. Em uma cena do filme As Vantagens de Ser Invisível – ambientado no tempo da fita cassete –, os três personagens, jovens, cheios de energia, estão andando de carro à noite quando Heroes, de David Bowie, começa a tocar no rádio. A menina se levanta (é um carro conversível e eles estão num túnel agora), abre os braços, um dos meninos olha para ela fascinado, a vida pulsa mais forte, we can be heroes just for one day. Enquanto assistimos à cena, nós, espectadores, sabemos que eles jamais esquecerão aquele pequeno momento compartilhado. Uma memória poderosa – ou o que Milan Kundera chamaria de memória poética – acabou de nascer.
Pulamos para 2013. Atualmente, podemos buscar a trilha sonora perfeita antes mesmo de a memória se formar. Não precisamos contar com o acaso (nosso maior acaso é a função shuffle). Você sente a primeira fagulha de um momento especial e então se apressa a escolher a música que amplificará aquele instante. Sim, você manipula a situação, cria uma memória calculada. É como uma foto do Instagram com pressa de ser velha. Será que isso não está nos causando um estrago emocional? O fato de eu terMidnight City ou Sweet Child o’ Mine sempre comigo torna minha vida uma constante espera pela próxima epifania?
Os protagonistas de As Vantagens de Ser Invisível, aliás, sequer sabiam o nome da música que os colocou em um estado de êxtase e comunhão. Era a "música do túnel", simplesmente. Ficaram torcendo para que ela tocasse de novo. Hoje em dia, qual a chance de não saber e ver o mistério durar?
                                    ( Carol Bensimon)

domingo, 9 de junho de 2013

Como julgar um caráter...



Agora vou revelar algo que vai fazer com que eu caia no seu conceito. É o seguinte:
Gosto de Nuvem de Lágrimas.
Refiro-me à música de Chitãozinho & Xororó.
Ah, jeito triste de ter você
Longe dos olhos e dentro
do meu coração
Me ensina a te esquecer
Ou venha logo e me tire
desta solidão!
Gosto. Sei a letra todinha. Nunca contei isso antes porque desde a adolescência compreendi a verdade terrível: as pessoas julgam os outros pelo gosto musical. E talvez até as pessoas estejam certas. Dois dos maiores filósofos da História, Schopenhauer e Nietzsche, diziam que a música é a mais elevada de todas as artes e que é a mais nobre forma de expressão do ser humano. Claro, quando diziam isso pensavam em Mozart, Beethoven, Bach e, no caso especial de Nietzsche, Richard Wagner e Brahms, de quem, aliás, Wagner tinha ciúme. Não sei o que Schopenhauer e Nietzsche pensariam de Chitãozinho & Xororó e de um cara que gosta de Nuvem de Lágrimas. Isso me preocupa.
Em minha defesa, diria para Nietzsche e Schopenhauer que aprecio Mozart, Beethoven, Brahms e Bach, embora nem tanto Wagner (perdão, Nietz), e que estou desenvolvendo um método de avaliar o caráter do próximo pelo toque do seu celular, o que não deixa de ser um critério musical. Mesmo assim, sei que você deve estar decepcionado comigo por causa da Nuvem de Lágrimas. Paciência. Tinha que fazer essa confissão um dia. Fiz. Pronto. Saí do armário.
Que alívio.
Conto isso, pejado, por causa da Legião Urbana. Nos últimos meses, foram lançados dois filmes com temática da Legião Urbana, Somos Tão Jovens e Faroeste Caboclo. Bem. Fui convidado para assistir a eles várias vezes, a todo momento alguém me pergunta o que achei dos filmes e volta e meia colegas da área de Cultura pedem-me depoimentos a respeito. Por que isso? Tenho cara de quem gosta de Legião Urbana? Acontece que não gosto. Até reconheço a qualidade das letras, mas me irrita aquela gritaria de Jerry Adriani do Renato Russo e, o pior dos defeitos, eles parecem afetados. Uma gravidade falsa, entende? Os dramas de um adolescente mal resolvido e bibibi. Por favor! Prefiro a brejeirice do Leoni cantando que calcula tudo para impressionar a amada, a luz do final da tarde batendo em seu rosto, a ginga manemolente, o olhar de viés, mas nada funciona. “As coisas são mais fáceis na televisão”, reclama ele, e emenda: “Ainda encontro a fórmula do amor!”.
Sim, prefiro quem não se leva tão a sério. Ou quem se entrega genuinamente ao ridículo do amor, e Fernando Pessoa já disse que todas as cartas de amor são ridículas, logo, as canções de amor também haverão de ser. Chitãozinho e Xororó e seus cabelos com mullet são ridículos, quem gosta de Nuvem de Lágrimas, também, certo, mas pelo menos somos autênticos.
Serei um sertanejo?
Disse que gosto de Nuvem de Lágrimas e de imediato me preocupei. Será que isso significa que sou admirador de Chitãozinho & Xororó e música sertaneja? Fazendo agora um exame de consciência, reconheço que gosto daquela As Luzes da Cidade Acesa, ainda que me inquiete com o que parece erro de concordância.
São apenas duas músicas... Sou um sertanejo? Não, não quero pensar em mim mesmo como um sertanejo. Vai abalar minha autoestima.
É diferente, por exemplo, do Roberto Carlos. O Roberto Carlos tem 50 anos de carreira. A cada dezembro, lançou um disco. São mais de 600 músicas. Destas, só umas 50 realmente boas. Em outras palavras: mais de 90% da produção do Roberto Carlos é ruim.
Dito assim, parece que o Roberto Carlos é péssimo, já que nove entre 10 de suas composições não são boas. Mas ele não é péssimo; ele é ótimo. Ele é o Rei. Por quê? Porque 50 músicas boas é muita música boa para uma única pessoa. Logo, ele merece a coroa e, sim, posso dizer que gosto de Roberto Carlos.
Já os Beatles, quantas músicas escreveram? Contei 204, desde I Saw her Standing There, feita para uma namoradinha de Paul que, segundo ele, “tinha só 17 anos e nunca havia vencido um concurso de beleza”, até a imortal The Long and Winding Road, quando Paul e John já brigavam e o sonho estava prestes a acabar. Menos de uma década de carreira, portanto. Pois destas 204, quantas são ruins? Suponho que umas quatro, embora não as conheça. Portanto, eu realmente gosto dos Beatles. Isso é garantido. Ufa.
E o Raul Seixas? Juro que gosto do Raulzito, mas admito que ele só tem umas 12 músicas boas. Quanto ao Paulinho da Viola, 50% das músicas dele são ótimas e os outros 50% nem tanto, mas sou um Paulinhoviolista convicto. Ou será que não sou, por causa daqueles 50% nem tanto?
Maldição. Que crise de identidade.
                                                                  (David Coimbra)


Pantanal...


André Rieu...


sábado, 8 de junho de 2013

Escolha o velho que você quer ser...

                                                                                                
* Cirurgião torácico e chefe do Setor de Transplantes da Santa Casa de Misericórdia, J. J. Camargo sabe que a velhice não se limita ao tempo vivido
Considerando-se a diversidade de comportamento dos idosos, fica claro que o diagnóstico de velhice não se restringe ao tempo vivido.
Não há dúvida que pensamos em alguém como um velho pela sua atitude, antes que nos interessemos em saber a sua idade.
Se o rótulo de "velho" depende de questões tão subjetivas como atividade mental, interesse pelo meio que o cerca, preservação do humor e outros itens igualmente não mensuráveis, parece adequado que utilizemos estereótipos consagrados:
– William Shakespeare definiu velho como uma pessoa que é 20 anos mais velha do que a gente, e estamos conversados. Cada um terá o velho identificado à sua maneira, sem mais especificações. Não importa se ele recém começa a ficar grisalho ou se já desfruta com naturalidade de estacionamento especial no shopping.
– Ziraldo, cabelos brancos, roupa despojada e deboche no olhar e nos gestos, falando de uma vida que assumiu como bem-sucedida, reconheceu que além das coisas materiais que conquistara, ele estava além da vingança.
Instado a explicar, reconheceu que passamos a vida tendo vontade de nos vingar de alguém: na infância, da tia que insiste que educado é o priminho, na escola, da professora que não para de elogiar a inteligência do colega almofadinha, no clube, de menina linda que anuncia que o amiguinho afeminado é que sabe dançar, no trabalho, do chefe que não se constrange em promover o rival puxa-saco. E assim vamos domando os ódios até que passam os anos e então, um dia, percebemos que não temos ninguém de quem queiramos nos vingar.
Conclusão: envelhecemos. Nessa hora podemos até nos deprimir ao perceber que alguns desafetos mais apressados já morreram, e nem fomos capazes de contribuir para isso!
– Quando Carlos Drummond de Andrade, um antissocial assumido, avesso a qualquer tipo de exposição pública, completou 75 anos, viveu a experiência desagradável de ter sua casa invadida por um bando de repórteres.
Quando perguntado como se sentia naquela idade ele respondeu, furioso: "Como um velho!". Pressionado com a pergunta: "E como é que a gente sabe que está velho?", ele completou: "Quando não temos mais vagas para amigos novos!".
– Afonso Tarantino, com seus 97 anos de lucidez irreverente, reconhece seus contemporâneos pelo prazer com que se reúnem para comentar o tamanho do prejuízo que têm causado aos planos de saúde. Segundo ele, mais prazer nessa vingança, mais velhice.
Esses modelos de velhos são reconhecidos e eloquentes, mas certamente estão à espera de outros. Se a vida já lhe deu rodagem para acrescentar algum, fique à vontade.
Se não, aguarde a sua vez. E torça para se tornar uma autoridade no assunto.

Clausura...

Em 20 de julho de 1969, o mundo assistiu pela TV a descida do homem à lua (que dizem por aí, ter sido um “migué” dos americanos). No dia seguinte, em Cruz Alta, muitos carros amanheceram com uma espécie de fuligem nas latarias e o comentário era sobre a poeira da lua. Acho eram as cinzas de alguma erupção vulcânica de Chile ou Argentina trazidas pelo vento, nada mais do que isso. O herói daquele momento era Neil Armstrong, o primeiro homem a descer na lua. O astronauta voltou à Terra, deu algumas entrevistas protocolares e se aposentou da Nasa em 1971. Fez pós-graduação e se tornou professor em Física Nuclear ou Astrofísica, algo assim e por longos anos não fez aparições e nem deu mais explicações aos bilhões de curiosos. Essa espécie de clausura suscitou debates sobre o que Armstrong teria visto do espaço ou da lua. Teria sido Deus, seres extraterrestres, outros mundos ? Um dia o Programa Fantástico da Globo perguntou: o que Armstrong viu lá do céu ? Ele não falou, ele se enclausurou.
Hélio Ribeiro dizia: cada criança que nasce demonstra que Deus ainda não está decepcionado de todo com o homem. Há, por outro lado, num filme de ficção, uma placa, em outro planeta com a estampa: em algum lugar do universo deve existir alguma coisa melhor do que o homem.
De repente, um cansaço...um quase nada negando quase tudo...uma vontade imensa de não correr mais atrás do dinheiro...mas, para não correr atrás é preciso ter dinheiro... e, quando eu o tiver ele não vai poder devolver aquilo que me levou...o brilho dos meus olhos...o preto dos cabelos...a cadência das artérias...o gosto pela vida...a minha coerência...e as minhas esperanças.
Deus tem esperança no homem, o homem procura algo bem melhor que a si mesmo e o homem corre atrás do dinheiro sem perceber que, por isso mesmo, tem que pagar um preço alto demais.
A clausura de Armstrong, imagino eu, deve ter sido causada pelo que chamamos de distanciamento. Lá na lua, a quatrocentos mil quilômetros da Terra, ele se maravilhou com o universo e achou a nossa casa pequenina. Deve ter pensado na finitude e na pequenez da raça humana. Talvez tenha tido vontade de ligar para alguém de que gosta muito e dizer, simplesmente: eu gosto de você, não se esqueça disto. Ou ligar para alguém que está brigado com outra pessoa e falar: façam as pazes, a vida é pequena, vamos nos dar as mãos. Quando voltou, não conseguiu contato com quem gostaria de falar porque as pessoas em que pensou não tiveram o distanciamento para chegar as mesmas conclusões que o astronauta, sobre a vida boa, de paz e conciliações. O distanciamento consegue fazer perceber a possibilidade de driblar nossas diferenças, aproximar o melhor de nós e deletar os podres de cada um. Mas, que merda, a gente não consegue, não é ? Então, frustrado pelo fato de que o homem insiste em ser menor do que o projetado, ele optou pela clausura, pela leitura de seus livros e por filmes de ficção, principalmente aquele em que tem uma placa que diz que em algum lugar do universo deve existir alguma coisa melhor do que o homem.
                                                                        (Jorge Anunciação)

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Louise Hay...



“Meu relacionamento comigo é eterno. Portanto, sou meu melhor amigo. Passo algum tempo, todos os dias, em contato com meu coração. Aquieto-me e sinto meu amor fluindo através do meu corpo, dissolvendo medos e culpas. Eu me sinto encharcada de amor em todas as células do meu corpo. Sei que sempre estou ligada a um Universo que me ama e a todos incondicionalmente. Esse Universo que ama sem condições é o Poder que me criou. Enquanto crio um lugar seguro em mim mesma para amar, atraio para mim pessoas que amam e experiências de amor. É hora de libertar minhas crenças de como deve ser um relacionamento. E tudo está bem no meu mundo...”

Louise Hay



André Trigueiro...

                                                                    
           
 

Decidi aproveitar o dia de hoje (5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente) para listar 10 dos mais importantes assuntos ocorridos na área ambiental desde junho do ano passado no Brasil e no mundo. A lista, embora incompleta e arbitrária (a escolha dos assuntos foi minha), indica avanços e retrocessos significativos nesta longa, porém irreversível jornada rumo a um mundo mais sustentável.

A revolução energética do gás de xisto
O aperfeiçoamento de tecnologias de extração de petróleo e gás possibilitou o acesso a grandes reservas presas em depósitos de xisto dos Estados Unidos – especialmente em Dakota do Norte e no Texas – determinando uma importante mudança na geopolítica energética do mundo. Ao ampliar a participação do gás em sua matriz – muito mais barato do que as demais fontes de energia – os Estados Unidos voltaram a atrair as grandes indústrias para seu território. O país também aumentou a exportação de carvão mineral, especialmente para a Europa, e reduziu a importação de petróleo. Se o xisto está ajudando os americanos a sair da crise, permanece a desconfiança de que a técnica empregada para a obtenção do gás incrustado nessas rochas – “fracking”– não é segura ambientalmente, dado o risco de contaminação das águas subterrâneas. Vários casos de contaminação foram registrados em solo americano. O Brasil licitará em outubro, pela primeira vez, a exploração do gás de xisto. Será mais seguro por aqui?

O céu é o limite
Pela primeira vez na História da Humanidade, alcançamos a concentração recorde de 400 partes por milhão de dióxido de carbono na atmosfera (400 ppm de CO2). A principal causa é a queima progressiva de combustíveis fósseis. A impressionante velocidade com que o principal gás de efeito estufa vem se acumulando (280 ppm antes da Revolução Industrial, 320 ppm na década de 1950) e a iminente ultrapassagem do índice apurado semanas atrás – considerada uma medida simbólica que marca uma tendência preocupante na direção do agravamento do efeito estufa – indica que as mudanças em curso, de acordo com a parcela majoritária da comunidade científica, deverão causar mais problemas econômicos, sociais e ambientais em escala global.

Ter ou não ter editoria de meio ambiente?
A decisão do “The New York Times” de fechar sua prestigiada editoria de meio ambiente – remanejando os jornalistas especializados no assunto para outras editorias – teve repercussão internacional. Afinal de contas, seria preciso ter uma editoria especializada em meio ambiente para se cobrir bem o tema? Na opinião dos diretores do NYT, como a sustentabilidade é um assunto transversal (alcança indistintamente todas as áreas do saber e do conhecimento) os “eco-jornalistas” seriam melhor aproveitados nas editorias convencionais (economia, política, cultura, cidade, etc.) aprimorando a cobertura dos demais assuntos do dia-a-dia com um toque “verde”. Um saudável debate que ganhou espaço mundo afora.

Balanço da Rio+20
O legado da maior conferência da História da ONU em número de países não parece ter contaminado efetivamente o rumo dos acontecimentos no mundo desde junho de 2012. O monumental descolamento entre a “real politik” dos tomadores de decisão e o mundo real revelado à luz da ciência está custando cada vez mais caro às gerações futuras. Preconiza-se como princípio que o custo da inação é muito superior ao custo dos ajustes que se fazem necessários para a implementação de uma “economia verde”. Mas pouco tem sido feito nesse sentido.

Um ano de Código Florestal
A baixíssima adesão dos proprietários rurais ao chamado CAR (Cadastro Ambiental Rural) – principal ferramenta para a adequação ambiental das propriedades – gera preocupação. Segundo o próprio Ministério da Agricultura, mais de 4 milhões de propriedades rurais no país têm alguma pendência ambiental. Estima-se que, até o momento, menos de 5% dos proprietários rurais tenham se cadastrado. Alguns mapeamentos feitos por satélite indicam que o desmatamento tem aumentado no Brasil.

Tem raposa no galinheiro?
A Comissão de Meio Ambiente no Senado virou posto avançado da bancada ruralista. Liderados pelo ex-governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, um dos maiores produtores individuais de soja do mundo, a comissão abriga ainda os senadores Ivo Cassol, José Agripino, Garibaldi Alves Filho e Kátia Abreu, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Nada contra a legítima presença de ruralistas na comissão, até porque não é possível imaginar uma agricultura forte sem um meio ambiente saudável e resiliente. O problema é quando os interesses públicos e privados se misturam (situação combatida pelo próprio regimento, embora inócua na prática) ou quando se usa a comissão para reduzir a proteção das florestas ou os direitos das comunidades indígenas.

Desprestígio das comunidades indígenas
Agravou-se a tensão nas comunidades indígenas com a tramitação no Congresso da PEC 215, que na prática torna sem efeito a parte do Estatuto do Índio (Lei 6.001/73) – regulamentado pelo Decreto 1.775/96 – que estabelece que “a demarcação de terras indígenas cabe à União, com base em estudos e sob a orientação da Fundação Nacional do índio (Funai)”. Pelas novas regras, ainda em discussão, as demarcações passariam a ser submetidas à aprovação do Congresso Nacional. Teme-se que os interesses regionais e/ou corporativos (especialmente aqueles ligados ao agronegócio) impactem negativamente o destino de comunidades ameaçadas. Há novos conflitos abertos entre indígenas e fazendeiros em várias regiões do país.

O aumento do lixo
Um estudo da Abrelpe (Associação Brasileiras das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) divulgado semanas atrás revela que nos últimos 10 anos a população do Brasil cresceu quase 10% (9,65%), enquanto que o volume de lixo no mesmo período aumentou 21%. O incremento de aproximadamente 40 milhões de pessoas na chamada “nova classe média” fez aumentar exponencialmente a geração de resíduos. Apenas no ano passado foram descartados 24 milhões de toneladas de resíduos em lugares inadequados, o suficiente para encher 168 estádios de futebol do tamanho do Maracanã. Como a maioria dos municípios (mais de 3 mil) ainda descarta o lixo a céu aberto em vazadouros clandestinos (o popular “lixão”) a situação é preocupante. Embora a Política Nacional de Resíduos Sólidos estabeleça o prazo final para a erradicação dos lixões em todo o território nacional até 2014, a Frente Nacional dos Prefeitos já defende a prorrogação do prazo, sob a alegação de que os municípios mais pobres não têm dinheiro para providenciar os ajustes necessários.

A hora e a vez das “magrelas”
As bicicletas ocuparam espaços sem precedentes na mídia brasileira por conta de sucessivos acidentes com ciclistas – especialmente, o crescimento do número de mortos sobre duas rodas em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro – e a preocupação das autoridades em anunciar medidas em favor do aumento de ciclovias, ciclofaixas e bicicletários. É notório o aumento do número de ciclistas e a mobilização das redes em favor das bicicletas.

Nota zero para o IPI Zero
O derrame indiscriminado de automóveis nas cidades brasileiras tem o respaldo do Ministério da Fazenda, que mais uma vez reduziu o IPI (Imposto sobre Produtos Industriais) para carros zero km. O que à primeira vista parece ser um estímulo para a economia (pelo aumento do dinheiro em circulação nas cadeias produtivas) agrava a mobilidade urbana com impactos diretos sobre a mesma economia. Apenas em São Paulo, cidade mais motorizada do país, um estudo coordenado pelo vice-presidente da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho de São Paulo, Marcos Cintra, revelou que os engarrafamentos geram aproximadamente R$ 40 bilhões de prejuízo por ano à capital paulista.