segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Os Pais Envelhecem...


Talvez a mais rica, forte e profunda
experiência da caminhada humana seja
a de ter um filho.
Plena de emoções, por vezes
angustiantes, ser pai ou mãe é provar
os limites que constituem o sal e
o mel do ato de amar alguém.
Quando nascem, os filhos comovem
por sua fragilidade, seus imensos
olhos, sua inocência e graça.
Basta vê-los para que o coração se
alargue em riso e cor.
Um sorriso é capaz
de abrir as portas de um paraíso.
Eles chegam à nossa vida com
promessas de amor incondicional.
Dependem de
nosso amor, dos cuidados que temos.
E retribuem com gestos que
enternecem.
Mas os anos passam e os filhos crescem.
Escolhem seus próprios caminhos,
parceiros e profissões.
Trilham novos rumos, afastam-se
da matriz.
O tempo se encarrega da formação
de novas famílias.
Os netos nascem.
Envelhecemos.
E, então, algo começa a mudar.
Os filhos já não têm pelos pais aquela
atitude de antes.
Parece que agora só
os ouvem para fazer críticas,
reclamar, apontar falhas.
Já não brilha mais nos olhos deles
aquela admiração da infância e isso
é uma dor imensa para os pais.
Por mais que disfarcem, todo pai e mãe
percebem as mínimas faíscas no olho de
um filho.
É quando pais, idosos, dizem para
si mesmos:
Que fiz eu? Por que o encanto acabou?
Por que meu filho já não me tem como
seu herói particular?
Apenas passaram-se alguns anos e
parece que foram esquecidos os
cuidados e a sabedoria que antes
era referência para tudo na vida.
Aos poucos, a atitude dos filhos se
torna cada vez mas impertinente.
Praticamente não ouvem mais
os conselhos.
A cada dia demonstram mais impaciência.
Acham que os pais têm opiniões
superadas, antigas.
Pior é quando implicam com as manias,
os hábitos antigos, as velhas músicas.
E tentam fazer os velhos pais se
adaptarem aos novos tempos,
aos novos costumes.
Quanto mais envelhecem os pais, mais
os filhos assumem o controle.
Quando eles estão bem idosos, já não
decidem o que querem fazer ou o
que desejam comer e beber.
Raramente são ouvidos, quando
tentam fazer algo diferente.
Passeios, comida, roupas,
médicos - tudo passa a
ser decidido pelos filhos.
E, no entanto, os pais estão
apenas idosos.
Mas continuam em plena posse
da mente.
Por que então desrespeitá-los?
Por que tratá-los como se fossem
inúteis ou crianças sem discernimento?
Sim, é o que a maioria dos filhos faz.
Dá ordens aos pais, trata-os como se
não tivessem opinião ou capacidade
de decisão.
E, no entanto, no fundo daqueles olhos
cercados de rugas, há tanto amor.
Naquelas mãos trêmulas, há sempre
um gesto que abençoa, acaricia.
* * *
A cada dia que nasce, lembre-se, está
mais perto o dia da separação.
Um dia, o velho pai já não estará aqui.
O cheiro familiar da mãe estará ausente.
As roupas favoritas para sempre
dobradas sobre a cama, os chinelos em
um canto qualquer da casa.
Então, valorize o tempo de agora
com os pais idosos.
Paciência com eles
quando se recusam a tomar os
remédios, quando falam
interminavelmente sobre
doenças, quando se queixam de tudo.
Abrace-os apenas, enxugue suas lágrimas
ouça suas histórias (mesmo que
sejam repetidas)e dê-lhes
atenção, afeto...
Acredite: dentro daquele velho coração
brotarão todas as flores da esperança
e da alegria.
              

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