segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A Lista de Gratidão...


No frescor do novo ano, dá vontade de fazer uma pausa e refletir. Refletir sobre o que deu certo no ano passado, o que aprendemos daquilo que deu errado, e sonhar com o porvir. Todavia, tenho outra sugestão para nossas reflexões no início deste ano. Fazer uma lista de gratidão.

Geralmente passamos pela vida num contínuo deslumbramento, inconscientes das dádivas que estão sendo despejadas sobre nós - até que as perdemos. Como o monge beneditino vienense David Steindl-Rast lamenta, "uma queda de energia nos faz conscientes da dádiva da eletricidade, uma torção no tornozelo nos faz apreciar o caminhar, uma noite insone, o sono. Perdemos tanto da vida por nos dar conta de suas dádivas somente quando somos repentinamente privados delas!".

Não reparamos nelas porque a impregnante bruma de ingratidão que paira sobre a sociedade embaça nossa visão. Não importa o que tenhamos agora, nunca é o suficiente. Certa vez, por exemplo, perguntaram ao multimilionário Howard Hughes quanto dinheiro poderia fazê-lo feliz, e ele respondeu: "Apenas um pouco mais".

O dramaturgo americano Thornton Wilder tentou nos lembrar de todas as coisas da vida que não valorizamos. As coisas simples. Em sua peça Nossa Cidade, ganhadora do Prêmio Pulitzer, uma cena profundamente tocante se dá num cemitério, onde fantasmas consolam a jovem heroína que havia recentemente falecido durante o parto. Emily, ainda ansiando por sua vida recém-perdida, deseja reviver um dia comum de sua existência que se foi. Esse seu desejo é atendido, mas sua experiência se torna dolorosa demais para que ela possa suportar.

"Se a única oração que você fizer durante toda sua vida for 'obrigado', isso já será o bastante"

"Eu não me dei conta", dizia ela, "de tudo que estava acontecendo e nunca reparei... Adeus, mundo. Adeus, Mãe. Adeus, Pai. Adeus, tique-taque dos relógios e girassóis da mamãe. E comida e café. E vestidos passados e banhos quentes... E dormir e acordar. Ó terra, você é por demais maravilhosa para que alguém realmente se dê conta de ti." A agonia que ela experimenta diante de sua agora inútil nova percepção da vida a traz de volta ao cemitério, onde ela se pergunta até que ponto as pessoas percebem de fato a vida enquanto a vivem. Como um dos personagens afirma: "Os santos e os poetas, talvez, em alguma medida".

Então, que tal fazermos isso agora mesmo? Lembrar de coisas nas quais normalmente nunca reparamos. Fazer uma lista de gratidão. Algumas pessoas juram que manter um diário de gratidão tem o poder de transformar nossa vida. Ao final do dia, elas anotam de três a cinco coisas às quais elas são gratas. Até mesmo só uma coisa ou pessoa basta. Pesquisas na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, descobriram que pessoas que mantêm uma prática diária de gratidão têm maiores níveis de entusiasmo, determinação, atenção e energia - e mais proteção cardíaca. Como uma mulher escreveu no final de sua lista: "Obrigada pela gratidão. Ela nos faz sentir bem por sermos gratos às coisas".

Vamos, então, fazer isso, nem que seja uma vez só, no início deste auspicioso ano novo. Talvez se torne um hábito. Como o místico alemão Meister Eckhart escreveu: "Se a única oração que você fizer durante toda sua vida for 'obrigado', isso já será o bastante".

Eu estou fazendo minha lista (de fato, esses itens estão em minha lista diariamente). Sou grata pela magia do Cosmos que guia cada passo de minha vida. Sou grata pelo cantar dos pássaros que me desperta de manhã e pelos grilos que me fazem dormir à noite. Sou grata por todas as preciosas jóias de pessoas que estão a minha volta. E, finalmente, sou grata por morar no Brasil, país onde, de todos os lugares que já conheci, vivem as pessoas que têm o maior coração.

E você, o que vai colocar em sua lista?            ( Susan Andrews)

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