domingo, 22 de março de 2015

Outono...

 Sou apaixonada por essa quadra do ano encantada e nostálgica. A exuberância ardida do verão vai declinando para temperaturas mais amenas.
 A sinfonia da vida desce uma oitava. O cotidiano abaixa do galope ao passo. O coração é inundado por comoventes serenidades. O mundo desacelera.Depois de tanto calor, a beleza do mundo se renovará diferente, mais contida, em tons pastéis: outras cores, outros aromas, outros sabores. O coração desaquecerá, abrandando o ritmo, mudando o compasso no vivenciar de uma temporalidade que se alonga como se os dias, horas,minutos passassem mais devagar,



No outono, com menor velocidade e pulsação ao redor, podemos contemplar as coisas – todas as coisas: materiais, psicológicas e espirituais – com uma maior riqueza de detalhes. Visitamos as mesmas paisagens, já nossas conhecidas, e nos surpreendemos com coisas que ainda não tínhamos notado, outros contornos.
No outono a escala de viver, mais introspectiva, se torna diferente da anterior. Rodeados por energias próprias dessa estação do ano, podemos aproveitar para resolver uma série de questões que misticamente só podem ser abertas e acertadas nesses dias.


Este período, menos agitado e congestionado, é momento indicado para o autoconhecimento, exploração interior, diálogo com nossa subjetividade, reequilíbrio correto das polarizações espirituais e valorização dos processos de crescimento e libertação pessoal.
Deixando para trás a pulsação juvenil do verão, dirigindo-se para o resguardo do inverno, o momento é de transição, feito sobre medida para encontrar serenidade, prazer, felicidade mesmo diante dos inúmeros problemas e obstáculos que se
colocam como nossos adversários.
Quando chega o outono, inspirada pela imensa harmonia de um céu cristalino, lembro-me de uma profunda lição de sabedoria: é pessoal e intransferível a responsabilidade de cada um de nós em buscarmos o melhor regime, a melhor experiência, a melhor forma de vida.
Que bom que retornou essa oportunidade de encontro íntimo, que convida nossa espiritualidade a afastar a ignorância e o sofrimento, desmascarar as aparências, buscar conforto, mostrar que estamos destinados ao bem e à felicidade.

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