quinta-feira, 10 de abril de 2014

O sofrimento...



O sofrimento é inevitável, faz parte da vida. Desde pequenos aprendemos a lidar com decepções, frustrações, mas jamais nos preparamos para enfrentar o momento da partida de um(a) filho(a). Quando a missão deles termina, parece que a nossa também terminou, pelo menos é o que desejamos num primeiro momento. Nosso chão é tirado, e nada mais podemos fazer a não ser reaprender a viver… E como isso é difícil.

A partir daí vivemos pela graça de Deus. Parece que o brilho da vida se apagou, os sonhos se tornaram pesadelos, as alegrias nos abandonaram e as palavras antes dirigidas a Deus com entusiasmo, alegria e confiança, simplesmente sumiram, desapareceram, se calaram.
Em muitos momentos desejamos falar freneticamente sobre o que estamos sentindo. De repente nos fechamos num silêncio arrasador. Tudo dói. Dói olhar a vida seguir em frente indiferente com nosso sofrimento; dói olhar ao redor e ver que tudo continua seguindo seu curso; dói ter que continuar cumprindo nossos compromissos mesmo sem vontade, sem ânimo. Dói, tudo dói. Dói ainda nos aproximarmos de Deus sem forças para pronunciar qualquer palavra. Pedir ou agradecer? Dizer o que? Nosso coração está tão machucado que a única coisa que conseguimos fazer é chorar.
Nessa hora o Espírito Santo de Deus entra em ação. “Da mesma forma, o Espírito vem em socorro de nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis. E aquele que examina o coração sabe qual é a intenção do Espírito, pois é de acordo com Deus que ele intercede em favor dos santos” (Rm 8, 26-27).
Nessa hora nos calamos e confiamos que o Espírito Santo está pedindo a Deus por nós. Não temos palavras, não temos forças, tampouco ânimo para pronunciar qualquer frase. Nesse momento abrimos nosso coração ao agir de Deus. É a partir daí que permitimos que Ele tenha livre acesso em nossa vida. É a partir daí que a graça de Deus acontece, talvez porque nessa hora nos lançamos sem reservas em seus braços.
Confiar em nossa humanidade e fragilidade nesse momento é perigoso demais. Só em Deus encontraremos socorro, do contrário seremos conduzidos ao desespero, à angústia e depressão. Mas o Espírito Santo sabe do que precisamos, e como pedir ao Pai. É possível que fiquemos horas prostrados na presença de Deus sem dizer qualquer palavra, e no entanto, o socorro vem em forma de paz, de serenidade.
Assim vamos reaprendendo a viver, um dia por vez. Aos poucos as nuvens que envolviam nosso olhar para o mundo vão se afastando e o sol começa a brilhar novamente. Aos poucos compreendemos que a vida do(a) nosso(a) filho(a) está em Deus, e nada de mal pode lhes acontecer, pois já herdaram a vida plena na eternidade.
Com calma vamos colocando os sentimentos nos lugares. O próprio Espírito Santo vai nos mostrando que a beleza da vida não se acabou totalmente. Que temos muito ainda a fazer, se queremos um dia com nossos filhos reencontrar.
A vida recomeça a sorrir quando entendemos que quem está do nosso lado precisa do nosso amor, e nós precisamos do amor deles também.
Não dá para fechar as portas do coração e deixar de amar aqueles que Deus colocou do nosso lado. São joias de Deus em nossa vida. Graças sobre graças… Parte desse amor foi transformado num amor divino, na presença de Deus, mas parte dele continua conosco, nos envolvendo a cada instante, aquecendo nosso coração e nos encorajando a perseverar. Amor, infinito e eterno amor!
Começa nossa nova missão pela compreensão de que mesmo sofrendo, precisamos continuar a caminhada, seja por nós, pelos nossos familiares que tanto amamos, mas, sobretudo por Deus que nos ama infinitamente, e um dia enxugará de nossos olhos toda lágrima.
Jesus nos convida a confiar em seu amor. Tudo é muito difícil, mas “tudo posso naquele que me fortalece!” (Filipenses 4,3).
Que Deus nos abençoe e nos guarde!
Regina Araújo

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