Continuou debruçada à beira do Guaíba, o rio que foi massacrado durante os últimos 60 anos por uma poluição encarniçada.
Eu ainda alcancei, nos anos 50, um Rio Guaíba balneável. Em Belém, a gente entrava no rio com água até o pescoço e, incrível, viam-se junto aos nossos pés, lá no fundo, os lambaris balouçantes, era uma água cristalina. Juro que alcancei esse tempo de delícias.
Apareceram nos últimos anos o Parque Moinhos de Vento e o Marinha do Brasil para reforçarem o alquebrado Parque Farroupilha, a nossa Redenção, que resiste bravamente à estupidez indizível de não a terem cercado.
Acontece que nós, que nascemos em Porto Alegre, clamamos veementemente aos poderes públicos para que cerquem a Redenção. Mas os forasteiros, os que vieram de outras cidades e foram acolhidos por Porto Alegre, não querem que se cerque o Parque.
E assim vemo-lo todos os dias sendo depredado, suas estátuas são quebradas, suas árvores e equipamentos são agredidos.
E o fantástico é que toda a destruição da Redenção se dá à noite, quando só frequentam o Parque os vândalos e os vagabundos.
Por isso é que se tem de cercá-lo, para protegê-lo à noite e abri-lo estuante durante o dia.
Fez, nesta semana, 242 anos de idade a nossa querida Porto Alegre. Quando nasci, Porto Alegre era ainda uma quase aldeia, tinha 400 mil habitantes apenas. Agora já virou metrópole pretensiosa, embora incrivelmente ainda não tenha metrô. Se o tivesse, seria uma metrópole maior de idade.
Porto Alegre do meu tempo tinha bondes, hoje deu-se lugar imbecilmente a milhares de ônibus poluentes que emperram o trânsito, porém de greve em greve vão quebrando o galho do transporte público.
Reparam, os meus leitores, que os morros que circundam Porto Alegre foram lamentavelmente crivados de habitações?
Quando eu era criança, o Morro da Polícia era pelado de casas, hoje ficou repleto de residências e perdeu aquele ar silvestre que tinha. Certamente os pássaros foram expulsos não sei para onde, deixaram a cidade e com isso esmaeceram a poesia.
Mas está aí, ainda oferecida diante dos nossos olhos, nossa querida Porto Alegre, a capital de todos os gaúchos.
Saiu daqui de Porto Alegre, onde estava refugiada de sua Minas Gerais, a nossa estimada Dilma Rousseff para ser presidente da República. Reconheçamos que ela tem dado atenção especial a Porto Alegre e ao Rio Grande.
Mas ainda falta o nosso metrô, dona Dilma.
(Paulo Santana)
(Paulo Santana)
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