Precisamos, urgentemente, encontrar uma maneira de viver em harmonia com os outros. Respeitar nossas diferenças como seres humanos, nossas culturas, nossas religiões e nossos tiques individuais. Para o filósofo Luc Ferry, “ser sábio, por definição não é amar ou querer ser amado, é simplesmente viver sabiamente, feliz e livre”. Liberdade e felicidade, eis o que o Iluminismo do século 18 nos prometeu. Libertar os espíritos, emancipar a humanidade dos grilhões da superstição e do obscurantismo medieval. A razão sairia gloriosa do combate contra a religião e, geralmente, contra todas as formas de argumentos de autoridade. Entretanto, o que vemos ainda hoje é o crescimento dos fundamentalismos religiosos de caráter violento, caracterizados por guerras e ataques terroristas. Um dos grandes problemas destes primeiros anos do século 21 é a falta generalizada de respeito mútuo que o mundo atravessa. É um mundo de puro cinismo, comandado pelas leis cegas do mercado e da competição globalizada. No cerne da ideia de progresso, esteve/está a liberdade e a felicidade.
O desenvolvimento das ciências é/seria o caminho para a civilização. Entretanto, o que estamos observando é aquilo de Heidegger chama de “mundo da técnica”, um universo no qual a preocupação com os fins, como os objetivos últimos da história humana, vai desaparecer totalmente em benefício único e exclusivo da atenção aos meios. A noção de progresso, nessa atual perspectiva da globalização, muda totalmente de significado: em vez de se inspirar nos ideais transcendentes, o progresso vai, pouco a pouco, se restringir a ser apenas o resultado mecânico da livre concorrência em seus diferentes componentes. Para Luc Ferry. “a economia moderna funciona como a seleção natural de Darwin: de acordo com uma lógica de competição globalizada, uma empresa que não progrida todos os dias é uma empresa simplesmente destinada à morte”. O progresso não tem outro fim além de si mesmo, ele não visa a nada além de manter no páreo com outros concorrentes. Assim, o poder dos homens sobre o mundo é cada vez maior. Tornou-se um processo incontrolável e cego, ultrapassando as vontades individuais conscientes.
A emancipação e a felicidade dos homens que o Iluminismo prometia, estão cada vez mais distantes. A técnica tornou-se um processo em propósito, desprovido de qualquer espécie de objetivo definido. Tomara que em 2014 possamos resgatar o que,no século 19, podia se chamar de “res publica”, isto é, “causa comum”. Aqui em Passo Fundo 2013 foi marcado pelo início de um novo governo, tendo à frente dois jovens políticos com uma proposta arrojada para mudar os destinos do município, Luciano Azevedo e Juliano Roso. Os programas lançados, ao longo do ano, demonstram um comprometimento com o homem, com a natureza, com os ideais de felicidade e liberdade. Certa vez o poeta maior Carlos Drummond de Andrade escreveu, “pois de amor andamos todos precisando, em dose tal que nos alegre, nos reumanize, nos corrija, nos dê paciência e esperança, força capacidade de entender perdoar, ir em frente. Amor que seja navio, casa, coisa cintilante, que nos vacine contra o feio, o triste, o mau, o absurdo e o mais que estamos vivendo e presenciando”.
Desejo a todos que em 2014, como diz aquela linda canção de Ivan Lins e Vitor Martins, “com força e com vontade/a felicidade há de se espalhar/com toda a intensidade. Há de molhar o seco/de enxugar os olhos/de iluminar os becos/antes que seja tarde. Há de assaltar os bares/de retomar as ruas/de visitar os lares/há de rasgar a trevass/e abençoar o dia/e de guardar as pedras/há de deixar sementes/do mais bendito fruto/na terra e no ventre/há de fazer alarme/e libertar os sonhos/da nossa mocidade/há de mudar os homens/antes que a chama apague/antes que a fé se acabe/antes que seja tarde”. Boas Festas !
(José Ernani de Almeida)
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