terça-feira, 2 de abril de 2013

A arte de consolar...

 
 
Quando alguém sofre uma tragédia pessoal, muitos dos amigos considerados mais próximos se afastam, negando o apoio esperado na hora difícil. E a amargura tem, entre outras coisas, a capacidade de separar amigos e companheiros porque esses e aqueles se confundem nos momentos felizes, mas são dolorosamente depurados nos momentos de dor.

Claro que haverá sempre aqueles que só servem mesmo para a comemoração e nunca poderá se contar com eles, nem com a escassa utilidade que têm.

Mas existem os que timidamente se retraem, e na distância sofrem muito pela desgraça do amigo, simplesmente por não saberem se oferecer para ajudar, nem o que dizer para confortar.

Outros, ingenuamente, supõem que se falarem sem parar, estarão desviando o foco doloroso. Ridiculamente, relembram experiências tolas, ignorando que no sofrimento mais intenso a verdadeira ajuda não consiste em distrair, mas em compartilhar.

Passado algum tempo é comum que a reminiscência mais carinhosa daquela passagem sofrida não tenha sido o discurso formal, mas um abraço prolongado ou um aperto de mão daqueles que se tem a sensação de que não se quer soltar, ou simplesmente a cumplicidade de um silêncio.

Leo Buscaglia serviu de jurado num concurso de histórias infantis e se encantou com o relato de um garoto de seis anos que tinha um vizinho idoso, cuja esposa havia falecido recentemente. Ao vê-lo chorar, encolhido no quintal, o menino pulou o muro e simplesmente se sentou ao lado dele.

No dia seguinte, a família recebeu um buquê de flores com o agradecimento comovido do vizinho.

Quando a mãe perguntou ao menino o que havia dito ao velhinho, ele respondeu:

-Nada. Só o ajudei a chorar.
                                                                        (J.J.Camargo)

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