Assim é o pai, um eterno semeador. Um orientador convicto, um incansável conselheiro. Um mestre que lança no solo da vida conceitos para a melhor formação dos filhos. Seleciona as sementes da concepção de valores, de educação, de princípios éticos, de respeito e de tantas outras para a formação de bons cidadãos. É verdade que a referência é de pais cidadãos, como a grande maioria o é, não dos que vivem à margem dos valores sociais.
Pais portadores de sonhos, que às vezes falham por idealizarem seus filhos. Procuram preservá-los das armadilhas da vida. Orgulham-se por se sentirem pais heróis, sem se darem conta de que tudo é passageiro. Nas suas mentes, pairam nuvens de dias repletos de felicidade sucesso e gratidão. Alimentam a certeza de que seus descendentes são os melhores entre os demais. Mundo de sonhos e ilusões! O ser humano é singular, mas vive no plural.
A realidade, muitas e na maioria das vezes, é ingrata e implacável. Quando os filhos buscam sua independência, afastam-se dos “heróis” para trilhar seu próprio caminho. Aos pais, a roda da vida lhes apresenta a dura realidade: frustrações, sonhos que não se realizaram, namoros, profissão, estudos, amizades, independência e mais e mais! O arquiteto dos sonhos vê seu castelo ruir. Surge o desespero de ver tantas horas, tantas palavras, sem refletirem seus intentos. Sentem-se frustrados, substituídos por amizades desconhecidas.
O papel de pai passa a ser substituído por amigos, mas nem sempre bons amigos! Suas sempre crianças, agora adolescentes, lançam seus voos em busca da “liberdade”, de novos horizontes, de desafios. Sabem que podem dar-se mal, mas aventuram-se. Por outro lado, seus progenitores alimentam a insegurança de que seus “infantis” não estão preparados para todas as adversidades da vida. Mas é a vida, um eterno crescimento.
É bem verdade que a fase de criança e adolescência não tem mais o romantismo de antes. A dinâmica de hoje afastou muito os laços familiares. A mudança entre gerações é na velocidade luz, e nem todos conseguem assimilar as diferenças. Isto pode vir a definhar gradativamente e até falecer a relação entre pais e filhos.
Fica a saudade dos tempos em que os padrões eram rígidos, as palavras eram ordens absolutas, as chineladas nada mais eram que meios para educar e estabelecer limites. Nossos pais semeavam e sabiam o que iriam colher. Nos dias atuais, semeamos sem saber quais serão. Nossos filhos estão à mercê de uma sociedade violenta, insegura, contaminada de pessoas das piores estirpes, e o pior, em todas as camadas sociais. Nosso consolo é que neste caldeirão ainda existem boas referências, quer seja de pais, quer seja de filhos. Que a semeadura produza uma colheita farta e um banquete familiar.
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