Então por que será que a gente não consegue transpor esse exemplo para nossa própria vida? Por que a maturidade, ou o envelhecer, nos apavora tanto?
O processo que, de acordo com a natureza, nos deixaria mais doces e tenros, mais plenos e ricos, desabrochando para o que realmente somos, é visto hoje como um castigo contra o qual se deve lutar a todo custo. Mas não precisa ser assim. Saber como fazer isso é o grande segredo da maturidade feliz.

Serão os chineses uns otimistas desenfreados? Uns malucos fora da realidade? Provavelmente não. Os chineses, conectados com a medicina tradicional do seu país, conhecem a energia vital que percorre o corpo. Sabem de seus altos e baixos, fluxos e refluxos, excessos e faltas, e os parâmetros ideais para cada fase da vida. Entendem que todo o longo processo da maturidade, que para eles leva de 30 a 40 anos, pode ser vivido com vigor e energia.
Para que a vitalidade flua pelo corpo da maneira mais harmônica possível, dispõem de um arsenal de terapias, técnicas, exercícios, massagens, dietas, tratamentos e também meditações, pois mente, espírito e corpo são uma coisa só, garantem eles. Com a vitalidade em alta, o amadurecer se faz lentamente, sem doenças e limites físicos restritos.
O que antes, durante a juventude, vinha de graça e sem esforço, agora deve ser batalhado. "O modo como enfrentamos a longevidade faz uma diferença monumental para todos nós", diz Jean Carper, autor de Pare de Envelhecer Agora. Envelhecer bem é a arte da compensação: o que se perde é reposto conscientemente, com tai chi, meditação, ioga ou uma moderna dieta que impede a formação de radicais livres.
Os resultados desses métodos, terapias e técnicas podem se tornar visíveis em pouco tempo. "Um dos indicadores mais fáceis para avaliar a vitalidade de alguém é o brilho dos olhos", diz o professor Roque Severino. Se você tiver 50, 60 ou 70 anos e tiver essa luz interna, essa faísca que demonstra o vigor do espírito, é sinal de que o inverno da velhice ainda não se manifestou e que ainda pode estar bem longe.
Aceitação incondicional: eis o caminho
Leia com atenção as próximas frases: "A vida é boa acima de tudo; é boa por si mesma; o raciocínio nada conta para isso. Não se é feliz por viagem, riqueza, sucesso, prazer. É-se feliz porque se é feliz. Como o morango tem gosto de morango, assim a vida tem gosto de felicidade." Antes que você ache que o pensador francês Émile-Auguste Chartier (1868-1951) é outro otimista desenfreado, vamos seguir seu pensamento. "Mesmo as dores, o cansaço, tudo isso tem um sabor de vida. Existir é bom, não melhor do que outra coisa, pois existir é tudo." Bem, talvez seja essa a grande chave: uma aceitação incondicional.
Os anos de maturidade convidam a uma reorientação espiritual fundamental. A primeira metade da vida
é bastante diferente da segunda. Até a meia-idade ela é orientada pelos desejos do ego e da própria
espécie humana: produzir, reproduzir, vencer.
Depois isso diminui.
Ao redor dos 50, há um desejo profundo de mudar a vida que se levou até então, ou até transformar a maneira de ser: o indivíduo passa a responder mais às leis do espírito. "Na primeira metade da vida, é o mundo exterior que nos chama. Na meia-idade, o mundo interior", dizem elas. Os chamados externos, como a carreira, a manutenção de status, relacionamentos e até a família, mudam de prioridade. Esse é o retrato de uma existência plena, quando a maturidade se completa com fecho de ouro.
Por isso, acredite, o envelhecer só pode ser desejado com alegria. Pense nisso.
Liane Alves
Liane Alves
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