quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Apenas um texto na internet...



Eu sei, isso aqui é só um texto na internet e, convenhamos, o que é um texto na internet diante dos seus
problemas?
O que são palavras, restrita combinação de letrinhas, diante de seus pensamentos, intensos, sobrecarregados pelo passado, ocupados por uma espécie de futuro imaginário, por alguma antecipação entre milhões de possibilidades, afinal, você sabe, no final quase sempre nos surpreendemos de um jeito ou de outro, mas a gente insiste em antecipar finais, em projetar desfechos.
É claro que um simples texto na internet não pode fazer nada. Não carrega o poder dos oráculos, o conhecimento dos sacerdotes, a magia dos rituais. Não reflete a profundidade dos livros sagrados, a complexidade dos pensamentos filosóficos, a pretensão da teologia, os mistérios do desconhecido. Não poderia ser diferente, afinal, trata-se de algo sem muita importância, um entre tantos que a gente lê e esquece logo que uma foto bonitinha, uma piada, uma musiquinha, uma tirinha, uma frase de efeito nos roube a atenção, nos coloque um risinho no rosto, nos distraia, nos faça esquecer.
Sim, nos faça esquecer que andamos um tanto quanto distraídos, que estamos perdendo a dimensão do simples, que nos perdemos porque deixamos de enxergar no agora, no cotidiano, nos sinais inseridos em absolutamente tudo o alimento para cada dia, para cada momento, para cada situação que se reflete sempre no hoje, no momento eterno, no agora.
Achamos que será Deus lá do céu, o gerente lá do banco, o chefe lá do outro andar, o marido lá de casa, a esposa lá do quarto, o namorado lá da outra cidade, os pais lá de casa, a promoção lá daquele emprego e assim, nos projetamos no que não existe, nos diluímos em miragens, nos perdemos aos poucos, lentamente, sem cogitar que as respostas mais importantes quase sempre chegam com a maior simplicidade do mundo, no nada, inesperadamente, de várias formas, até em um texto na internet. 

(Flávio Siqueira)


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