segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A meus filhos...




Estou aqui ao lado,
à margem de seu caminho
vendo você passar.
Quero que vá sozinho,
mas me mantenho por perto.
Se o rumo é certo
me aprumo e aplaudo.
Se é via tortuosa,
jogo-lhe aos pés uma rosa
pra que desviando dela
você chegue a outro lugar.
Se a sombra é fria,
mando-lhe um beijo quente
e se o chão queima do sol nascente,
estendo-lhe a poesia
para que o possa atenuar.
Se não houver alimento,
peço ao vento
sementes que lhe tragam vida
e para a sede
roubo do céu a lágrima caída
da madrugada.
Mas se você não precisar de nada
ainda assim eu estarei vigiando
escondida talvez atrás de um querubim.
E quando faltar só um passo
para atingir o seu fim,
tente me achar.
Devo estar já dissolvida e transformada
abençoando sua vida e sua estrada
na forma clara e casta de um jasmim.

Flora Figueiredo

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