domingo, 15 de novembro de 2015

O Homem e A Mulher...



O homem é a mais elevada das criaturas;
A mulher é o mais sublime dos ideais.
O homem é o cérebro;
A mulher é o coração.
O cérebro fabrica a luz;
O coração, o AMOR.
A luz fecunda, o amor ressuscita.
O homem é forte pela razão;
A mulher é invencível pelas lágrimas.
A razão convence, as lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos;
A mulher, de todos os martírios.
O heroísmo enobrece, o martírio sublima.
O homem é um código;
A mulher é um evangelho.
O código corrige; o evangelho aperfeiçoa.
O homem é um templo; a mulher é o sacrário.
Ante o templo nos descobrimos;
Ante o sacrário nos ajoelhamos.
O homem pensa; a mulher sonha.
Pensar é ter , no crânio, uma larva;
Sonhar é ter , na fronte, uma auréola.
O homem é um oceano; a mulher é um lago.
O oceano tem a pérola que adorna;
O lago, a poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa;
A mulher é o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço;
Cantar é conquistar a alma.
Enfim, o homem está colocado onde termina a terra;
A mulher, onde começa o céu.
 
Victor Hugo

Victor Hugo...

 
 
“Há pensamentos que são orações.
 Há momentos nos quais, seja qual for a posição do corpo, a alma está de joelhos.”
 
 

terça-feira, 10 de novembro de 2015

David Garret

Filhos adultos...

Quem tem filhos adultos, ou já se encaminhando para a vida adulta, experimenta de vez em quando uma curiosa espécie de “saudade na presença”: uma leve melancolia causada pela irrevogável separação de todas as etapas que já ficaram para trás. 
Seu filho pode nunca ter permanecido muito tempo longe dos seus olhos, mas cada fase vencida transforma-se imediatamente em nostalgia, mesmo as mais trabalhosas. 
Se com relação às outras pessoas sentimos uma enganosa percepção de continuidade no tempo, por mais longa e próxima que seja a convivência, com relação aos nossos filhos há sempre a sensação de que nos despedimos de alguém no meio do caminho, sem perceber ou dar à devida solenidade à despedida. O bebê que mal enxergava em volta e o que começou a andar, a criança que foi para a escola pela primeira vez e a que fugia para a sua cama nas noites de inverno – é como se cada uma delas fosse um indivíduo diferente, da qual, se pudéssemos escolher, não teríamos jamais nos separado. 
Tiramos um milhão de fotos, gravamos um milhão de vídeos, guardamos desenhos rabiscados e brinquedos favoritos, mas o que gostaríamos mesmo era poder abraçá-los todos – do filho recém-nascido que embalamos na maternidade ao que beijamos na testa ontem mesmo – pelo menos uma vez por ano. 



Cláudia Laitano

A morte...

 
 
Quando observamos um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa
matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara.
O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.
Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.
...
Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: "já se foi".
Terá sumido? Evaporado?
Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade
que tinha quando estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.

O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo. E talvez, no exato instante em que alguém diz:
já se foi, haverá outras vozes,
mais além, a afirmar: "lá vem o veleiro".

Assim é a morte.
Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: "já se foi".

Terá sumido? Evaporado?
Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.
O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu. Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado.

Conserva o mesmo afeto que nutria por nós. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado.
E é assim que, no mesmo instante em que dizemos:
já se foi, no mais além, outro alguém dirá feliz: "já está chegando".

Chegou ao destino levando consigo
as aquisições feitas durante a viagem terrena.
A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos.

Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.
A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas.
Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada


Richard Simonetti

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Dança...traduzida!

 
                   1717 ...

Expressão multimodal, dentro da performance com peças interlínguas e cheias de elementos intersemióticos... 
 
  (Ronice Quadros)
 
 

 

Rubem Alves...

Fui convidado a fazer uma preleção sobre saúde mental. Os que me convidaram supuseram que eu, na qualidade de psicanalista, deveria ser um especialista no assunto. E eu também pensei. Tanto que aceitei. Mas foi só parar para pensar para me arrepender. Percebi que nada sabia. Eu me explico.
Comecei o meu pensamento fazendo uma lista das pessoas que, do meu ponto de vista, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livros e obras são alimento para a minha alma. Nietzsche, Fernando Pessoa, Van Gogh, Wittgenstein, Cecília Meireles, Maikóvski. E logo me assustei. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. Van Gogh se matou. Wittgenstein se alegrou ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta angústia. Cecília Meireles sofria de uma suave depressão crônica. Maiakóvski suicidou.
Essas eram pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para os vivos muito depois de nós termos sido completamente esquecidos.
Mas será que tinham saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as ideias se comportam bem, sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado, nem é preciso dar uma volta ao mundo num barco a vela, basta fazer o que fez a Shirley Valentine (se ainda não viu, veja o filme!), ou ter um amor proibido ou, mais perigoso que tudo isso, que tenha a coragem de pensar o que nunca pensou. Pensar é coisa muito perigosa…
Não, saúde mental elas não tinham. Eram lúcidas demais para isso. Elas sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idiotas de gravata. Sendo donos do poder, os loucos passam a ser os protótipos da saúde mental. É claro que nenhuma mamãe consciente quererá que o seu filho seja como Van Gogh ou Maiakóvski. O desejável é que seja executivo de grande empresa, na pior das hipóteses funcionário do Banco do Brasil ou da CPFL. Preferível ser elefante ou tartaruga a ser borboleta ou condor. Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicos a que teria de se submeter se fosse pedir emprego. Mas nunca ouvi falar de político que tivesse stress ou depressão, com exceção do Suplicy. Andam sempre fortes e certos de si mesmos, em passeatas pelas ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas.
Sinto que meus pensamentos podem parecer pensamentos de louco e por isso apresso-me aos devidos esclarecimentos.
Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores, como todo mundo sabe, requer a interação de duas partes. Uma delas se chama hardware, literalmente coisa dura e a outra se denomina software, coisa mole. A hardware é constituída por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito. A software é constituída por entidades espirituais – símbolos, que formam os programas e são gravados nos disquetes.
Nós também temos um hardware e um software. O hardware são os nervos, o cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória. Do mesmo jeito como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo espirituais, sendo que o programa mais importante é linguagem.
Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou por defeitos no software. Nós também. Quando o nosso hardware fica louco há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam. Não se conserta um programa com chave de fenda. Porque o software é feito de símbolos, somente símbolos podem entrar dentro dele. Assim, para se lidar com o software há que se fazer uso de símbolos. Por isso, quem trata das perturbações do software humano nunca se vale de recursos físicos para tal. Suas ferramentas são palavras, e eles podem ser poetas, humoristas, palhaços, escritores, gurus, amigos e até mesmo psicanalistas.
Acontece, entretanto, que esse computador que é o corpo humano tem uma peculiaridade que o diferencia dos outros: o seu hardware, o corpo, é sensível às coisas que o seu software produz. Pois não é isso que acontece conosco? Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos do Drummond e o corpo fica excitado.
Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e acessórios, o software, tenha a capacidade de ouvir a música que ele toca, e de se comover. Imagine mais, que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta, e se arrebenta de emoção! Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei, no princípio: a música que saía do seu software era tão bonita que o seu hardware não suportou.
A beleza pode fazer mal à saúde mental. Sábias, portanto, são as empresas estatais, que têm retratos dos governadores e presidentes espalhados por todos os lados: eles estão lá para exorcizar a beleza e para produzir o suave estado de insensibilidade necessário ao bom trabalho.
Dadas essas reflexões científicas sobre a saúde mental, vai aqui uma receita que, se seguida à risca, garantirá que ninguém será afetado pelas perturbações que afetaram os senhores que citei no início, evitando assim o triste fim que tiveram.
Opte por um software modesto. Evite as coisas belas e comoventes. Cuidado com a música. Brahms e Mahler são especialmente perigosos. Já o roque pode ser tomado à vontade, sem contra indicações. Quanto às leituras, evite aquelas que fazem pensar. Há uma vasta literatura especializada em impedir o pensamento. Se há livros do Dr. Lair Ribeiro, por que arriscar-se a ler Saramago? Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre a mesma coisa com nomes e caras diferentes, fica garantido que o nosso software pensará sempre coisas iguais. A saúde mental é um estômago que entra em convulsão sempre que lhe é servido um prato diferente. Por isso que as pessoas de boa saúde mental têm sempre as mesmas ideias. Essa cotidiana ingestão do banal é condição necessária para a produção da dormência da inteligência ligada à saúde mental. E, aos domingos, não se esqueca do Sílvio Santos e do Gugu Liberato.
Seguindo esta receita você terá uma vida tranquila, embora banal. Mas como você cultivou a insensibilidade, você não perceberá o quão banal ela é. E, ao invés de ter o fim que tiveram os senhores que mencionei, você se aposentará para, então, realizar os seus sonhos. Infelizmente, entretanto, quando chegar tal momento, você já não mais saberá como eles eram.

(Provavelmente escrito em 1994)
 
Fonte Instituto Rubem Alves, conheça e participe de seus projetos.

Mel...

 
 
Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ Estrelinhas a Brilhar no Céu
                          
Lutamos diariamente pela vida de muitos, mas também já vimos muitos partir…
A palavra despedida não existe no nosso vocabulário, acreditamos que os voltaremos a encontrar…
Viverão para sempre dentro dos nossos corações, jamais esqueceremos as corridas endiabradas, o olhar que conta sempre uma história, as caudas que abanaram tão freneticamente enquanto nos privilegiaram com a sua presença junto de nós…
Jamais esqueceremos os ronrons incessantes,
as turrinhas carinhosas, os abracinhos doces que com eles partilhamos…
Dizemos até um dia porque acreditamos que nos voltaremos a juntar todos nos longos prados verdes onde a brisa sopra suave e onde as copas das árvores dançam gentilmente para nós.
Voltaremos a entrelaçar os dedos nos pelos macios, a sentir nas mãos os narizes úmidos as caudas robustas que nos convidam para mais uma brincadeira.
Quando á noite olhamos o céu estrelado, relembramos com saudade e ternura todas as estrelinhas que brilharam nas nossas vidas e que hoje brilham fortemente no céu, cuidando e dando força a este chão que um dia foi o seu chão.
Acreditamos que são estas estrelinhas que nos secam as lágrimas e que nos alongam os sorrisos.
São energia viva dentro de nós que atenua a saudade e a dor de um contacto físico que foi interrompido…
Há que agradecer a forma como encheram as nossas vidas com as suas presenças.
Há que agradecer como nos tonaram melhores com a sua inocência pura.
Há que agradecer terem partilhado conosco os seus olhares vivos, doces e tão mas tão nobres.
Há que agradecer…
A lugares no universo existe o céu dos animais e é lá que eles esperam e cuidam de nós, enquanto isso vivem com a nobreza da falta de maldade que aqui conheceram tão de perto.
No céu dos animais não há fome, sede ou frio, não há falta de amor…
Há sim a paz a tranquilidade e a beleza que só a união e o respeito de todas as formas de vida pode proporcionar…
É neste sítio maravilhoso
que um dia voltaremos
a nos encontrar…
Até um dia Estrelinhas!


 MEL UM DIA VAMOS NOS ENCONTRAR


Mel...

 

 Que a Mãe Natureza acolha seu corpo e acalente sua alma.
Em vida, você foi abandonada mas, a acolhemos com ternos cuidados e compaixão.
Fiel em seu amor verdadeiro, ofereceu a nós, alegrias e amor incondicional...
Como falou o Mestre Taniguchi...

"...eles se vão porque já cumpriram a tarefa de contribuir de alguma forma para o desenvolvimento de nossa alma"
Você ficará para sempre em nossos corações
   


                                                                             
         

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Homenagens para Adenete...




Diego

Quando observamos um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara.
O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.
Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.
Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: "já se foi".
Terá sumido? Evaporado?
Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.
O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade
que tinha quando estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.
O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo. E talvez, no exato instante em que alguém diz:
já se foi, haverá outras vozes,
mais além, a afirmar: "lá vem o veleiro".
Assim é a morte.
Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: "já se foi".
Terá sumido? Evaporado?
Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.
O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu. Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado.
Conserva o mesmo afeto que nutria por nós. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado.
E é assim que, no mesmo instante em que dizemos:
já se foi, no mais além, outro alguém dirá feliz: "já está chegando".
Chegou ao destino levando consigo
as aquisições feitas durante a viagem terrena.
A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos.
Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.
A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas.
Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada
Richard Simonetti    


                        
Ana

Vá em paz nos braços carinhosos de Nossa Senhora, minha grande amiga,Adenete Rigo 💞




Kika... Minha amada irmã!

E é nisto que se resume
o sofrimento:
cai a flor, — e deixa o perfume
no vento!





Bel

Não é fácil pensar, estando tão longe, que já não voltarei a ver o sorriso da tia Adenete. Aquela gargalhada gostosa que afastava qualquer preocupação. Ou as expressões como “deu prá bola”, que eram tão suas. Aqueles óculos tão grandes protegiam olhos que muitas vezes estavam tristes, mas que nunca lhe impediam dar amor, a quem fosse. Haverá menos um abraço apertado ao chegar e partir de Passo Fundo no fim do ano. Já não levaremos tortéis de moranga à casa, nem os artesanatosque faziam sua arte tão presente em nossas vidas. “Ela nos deixou muito cedo”, minha mãe me disse quando lhe tentava consolar um inconformismo que eu mesma não podia esconder. E é verdade. Mas sua existência não acaba aqui, na matéria, vai muito além disso. Estará sempre presente nas nossas lembranças, nos bons momentos compartilhados, no amor que deixou em cada peça de artesanato, em cada conselho aprendido, no tempo que doou a todos nós... definitivamente, nas marcas que sua passagem material deixou na Terra. Sua existência continua em outro lugar, que como humanos ainda não podemos imaginar, mas compreender. Continuarei aprendendo deste grande ser humano e da história, força e determinação desta mulher exemplar durante toda minha vida. Os momentos que pude compartilhar com a tia Adenete me ajudaram a crescer e evoluir, e se hoje não consigo deixar de chorar, sei que logo encontrarei razões para sorrir e, principalmente, agradecer. É com muito amor que hoje me despeço e, por não poder estar presente, tento compartilhar com vocês em palavras meus sentimentos.  Bel



Ângela

Maria passa na frente e vai abrindo estradas e caminhos.
Abrindo portas e portões.
Abrindo casas e corações.
A Mãe vai na frente e os filhos protegidos seguem seus passos.
Maria, passa na frente e resolve tudo aquilo que somos incapazes de resolver.
Mãe, cuida de tudo o que não está ao nosso alcance.
Tu tens poder para isso!
Mãe,vai acalmando, serenando e tranqüilizando os corações.
Termina com o ódio, os rancores, as mágoas e as maldições.
Tira teus filhos da perdição!
Maria, tu és Mãe e também a porteira.
Vai abrindo o coração das pessoas e as portas pelo caminho.
Maria, eu te peço: PASSA NA FRENTE!
Vai conduzindo, ajudando e curando os filhos que necessitam de ti.
Ninguém foi decepcionado por ti depois de ter te invocado e pedido a tua proteção.
Só tu, com o poder de teu Filho, podes resolver as coisas difíceis e impossíveis. Amém!



Felipe...


Vim ao velório de minha tia.
/ Querida Adenete, sabemos que agora você está em um lugar melhor. obrigado por tudo. você fará muita falta.
 Te amamos.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Para as mães que choram como eu...

                              


Ah, como sei o que sentem, como sei como choram, como sei do pensamento que vaga procurando o por que?
Como sei como é doída a saudade.

Como sei das lágrimas derramadas à noite ou debaixo do chuveiro.
Como sei a dor de ouvir uma palavra, uma música que nos lembra forte de quem partiu.
Mas, devo repassar o meu alento, repassar o meu conforto.
Todas as noites meu último pensamento é para meu filho (Deus me compreende) e fico na expectativa de sonhar com ele.
E sonho, e o abraço e o beijo e acordo com com a sensação das suas mãos acarinhando meu rosto, a sensação do seu beijo morno.
E assim, 14 anos se passaram, sem que eu ficasse um só dia sem chorar a saudade, sem lembrar e sem amargurar a vida que não vejo passar.
Meu conforto são os sonhos, como é bom sonhar com ele.
Quando ele se foi, estava com um lado da cabeça raspada, (Da cirurgia). Algum tempo depois, aquele lado raspado, no sonho, estava crescido, os cabelos estavam um lado muito grande e o outro menor e rimos os dois daquela situação.
Depois, sonhei com ele, já com os cabelos de um tamanho só, como se tivesse cortado-os à navalha, não muito grande nem raspado.
Hoje, sonho com ele já homem feito, as roupas que usa no sonho são sempre ou azuis ou brancas, mas um azul que nunca vi na terra, um branco tão branco que me ofusca, mas o seu abraço, ah! o seu abraço, é terno como sempre foi, o seu beijo é morno como se vivo estivesse.
Por isso, minhas irmãs de saudade e dor, vivam com a expectativa de sonhar com seus filhos, vivam como eu vivi, porque no sonho, a gente vê, a gente sente, a gente vai com eles, a gente vive com eles.
No sonho, a partida é a chegada.
No sonho, a morte é a vida.
No sonho, as lágrimas são de alegria.
No sonho, a vida é real.
Um beijo de saudade a cada uma de vocês.
E lembrem-se:
Se tomam algum remédio para dormir, tentem não tomá-lo, a primeira noite é difícil, mas depois tudo se torna mais fácil.
(Ressuscitando Sonhos, enviado pela seguidora Railse Araújo Andrade)

O Pequeno Príncipe...Libras


Pe.Fábio de Melo - A dor de ver um filho partir...


quinta-feira, 9 de julho de 2015

A morte de um filho...

"A morte faz parte da vida, disse o Papa, mas quando se dá na família, é muito difícil vê-la como algo natural.
 Para os pais, perder o próprio filho é algo ...“desolador”, que contradiz a natureza elementar das relações que dão sentido à própria família.
 Os pais, ao falarem da morte do próprio filho, têm “o olhar entristecido”.
A morte toca e quando é um filho, toca profundamente. A perda de um filho é como parar o tempo, onde passado e futuro são um só, já não se distinguem mais.

 Toda a família fica paralisada, essa morte é como um buraco negro que se abre na vida das famílias e à qual não podemos dar qualquer explicação."...


Papa Francisco                         

segunda-feira, 6 de julho de 2015

4 dons das PAS - Pessoas altamente sensíveis...

 
 
Quando se está em minoria contra a maioria, os primeiros sentimentos que aparecem são
desvantagem e medo. Por que eu vejo as coisas de forma diferente? Por que sofro mais do que o resto? Por que encontro alívio em minha própria solidão? Por que vejo e sinto coisas que os outros muitas vezes não conseguem?
Ser parte dos 20% da população que se reconhece como uma pessoa altamente sensível (PAS) não é uma desvantagem, nem um rótulo de “diferente”. É bem possível que ao longo de sua vida, especialmente durante sua infância, você esteve bem consciente dessa distância emocional, e como às vezes tinha a sensação de viver em uma bolha de alienação e solidão.
“A alta sensibilidade é um dom, uma ferramenta que lhe permite aprofundar e simpatizar mais com as coisas. Poucas pessoas têm a capacidade de chegar a este ponto de aprendizagem vital.”
Foi Elaine N. Aron que no início dos anos 90, investigando a personalidade introvertida, explicou em detalhes as características de uma nova dimensão não descrita antes, e que refletia a realidade social: a das pessoas altamente sensíveis, pensativas, empáticas e emocionalmente reativas.
Se este for o seu caso, se você se identificar com os traços que a doutora Aron escreveu em seu livro “The Highly Sensitive Person”, é importante que você também se convença de que a alta sensibilidade não é uma razão para se sentir estranho ou diferente. Pelo contrário, você deve se sentir sortudo por ter estes quatro presentes.

1. O dom do conhecimento emocional


Desde a infância, a criança com alta sensibilidade vai perceber aspectos de sua vida diária que irão oferecer um mix de angústia, contradição e curiosidade fascinante. Seus olhos irão captar aspectos que nem mesmo os adultos levam em conta.
Aquele olhar de frustração em seus professores, a expressão preocupada em sua mãe … ser capaz de perceber coisas que as outras crianças não veem, e, portanto, ensinadas desde cedo que a vida às vezes é difícil e contraditória.
“O conhecimento das emoções é uma arma de muito poder. Leva-nos mais perto das pessoas para que as entendamos, mas, por sua vez, também nos torna mais vulneráveis ​​à dor.”
A sensibilidade é como uma luz que resplandece, porém nos torna mais vulneráveis ​​ao comportamento dos outros, mentiras, enganos, ironia … “Você leva tudo muito a sério!” muitos te dizem, “Você é muito sensível!”, outros comentam.
E é verdade, mas você é o que é. Um dom exige uma grande responsabilidade, seu conhecimento sobre as emoções também vai exigir que você saiba se proteger. Saiba se cuidar.

2. O dom de desfrutar a solidão

Pessoas altamente sensíveis encontram prazer em seus momentos de solidão. São ansiosas para realizar suas tarefas, seus hobbies. São pessoas criativas que gostam de música, leitura … E, embora isso não signifique que não desfrutam da companhia dos outros, é só na solidão que encontram mais satisfação.
“Pessoas altamente sensíveis não têm medo da solidão. É nesses momentos que podem se conectar mais de perto com elas mesmas, com seus pensamentos, livre de apegos, gravatas e olhos curiosos.”

3. O dom de uma existência do coração

“Alta sensibilidade é viver do coração. Ninguém vive mais intensamente o amor, ninguém sente mais prazer com pequenos gestos diários, como a amizade, carinho …”
Ao falar sobre pessoas altamente sensíveis, elas são frequentemente associadas com sofrimento. Tendência para depressão, tristeza, sentimento de vulnerabilidade a estímulos externos, ao comportamento das pessoas. No entanto, há algo que muitos não sabem: poucas emoções são vivenciadas com tanta intensidade como amar e ser amado …
E não falo apenas de relações afetivas. A amizade, o carinho cotidiano, ou o simples ato de experimentar a beleza de uma pintura, uma paisagem ou uma melodia, é uma experiência intensa para uma pessoa altamente sensível. Enraizada de seu próprio coração.

4. O dom de crescimento interior

A alta sensibilidade não tem cura. Você nasce com ela, com essa peculiaridade, com esse dom que já pode ser claramente visto desde que é uma criança muito pequena. Suas perguntas, sua intuição, sua tendência perfeccionista, o seu limiar de dor física, o seu desconforto com luzes ou odores fortes, sua vulnerabilidade emocional …
Não é fácil viver com esse dom. No entanto, uma vez que você reconhece o que ele é e o que pode te proporcionar, precisa aprender a administrar muitos detalhes. Você não deve deixar que as emoções negativas te oprimam.
Você também deve saber que os outros seguem um ritmo diferente, eles não têm o seu limite emocional. Que não viverão certas coisas com mesma intensidade que você, porém isso não significa que te amam menos. Respeite-os, entenda-os. Respeite a si mesmo.
“Uma vez que tiver descoberto o seu próprio eu e suas habilidades, encontre seu equilíbrio e promova o crescimento pessoal. Você é único e vive do coração. Siga em paz, em segurança e seja feliz.”

___
Traduzido pela equipe de O Segredo
Fonte: La Mente es Maravillosa






segunda-feira, 4 de maio de 2015

Feliz Páscoa 2015...

É tempo de permitirmos que o amor e os bons sentimentos renasçam
em nossos corações e, que tenhamos consciência de nossos atos e pensamentos, buscando sempre o nosso melhor, para que isso reflita em harmonia e amor em nossas vida!
Feliz e Abençoada Páscoa!

Primavera ... No clima da amizade.

                                             


Estamos na primavera, mas poderíamos chamar esta estação de prenúncio do verão.
Se pudéssemos definir uma ocasião propícia para curtir a amizade, por certo ela seria rodeada pelo surgir das flores. Que faz brotar também um clima ameno para novos relacionamentos e momentos de descontração.
Os dias da nova estação parecem despertar com maior alegria. O frio dá espaço para temperaturas convidativas e o acordar preguiçoso, aos poucos, vai ficando no esquecimento
do inverno.
Nosso corpo agora, não mais se enrijece pelo frio excessivo e clama por alongar-se, dormir menos  e se manter ativo. 
É chegada a hora de retirar a poeira do  guarda sol, verificar a validade do protetor solar e, principalmente, estar disponível para uma infinidade de convites para churrascos, piscina, acampamento ou roda de chimarrão na praça e muita companhia agradável.
As noites mais curtas e os dias bem aproveitados parecem nos tornar mais felizes. Como sugestão, você pode utilizar a seguinte receita para dividir bem os seus afazeres:  trabalhe ou estude por 8 horas, descanse outras 8 e reserve mais 8 para a diversão. Assim, o ócio, que é prejudicial ao extremo para a saúde e inimigo crucial da inteligência, não terá influência alguma em sua vida.
Saiba que a felicidade plena só é alcançada com o somatório de inúmeros momentos felizes. Por isso, aprecie cada um deles e guarde-os bem. E depois, faça um exercício para a sua memória e relembre-os, junte-os no álbum do seu existir e delicie-se, saboreando a doce razão de viver.


Taís Rizzotto

Gabriel Chalita...

"A morte é a 

primavera da alma.

 O que parece ser o

 fim é a vida em 

transformação..."


Gabriel Chalita

A visita do anjo...

  Lya Luft

O homem estava a pegar nas chaves do carro (a mulher já tinha saído para levar as crianças à escola) quando tocaram à campainha.
Irritado, pois já se atrasara bastante, ele abre a porta:
— Sim?
O ser andrógino, belo e feio, alto e baixo, negro e louro, faz um sinalzinho dobrando o indicador:
— Vim buscar-te.
Não era preciso explicar, o homem entendeu logo: o Anjo da Morte estava ali, e não havia como escapar. Mas, acostumado a negociações, mesmo perturbado ele rapidamente pensou que era cedo, cedo demais, e tentou argumentar:
— Mas, como, o quê? Agora, assim, sem aviso, sem nada? Nem um prazo decente?
O Anjo sorri um sorriso bondoso e perverso, suspira e diz:
— Mas ninguém tem a originalidade de me receber com simpatia neste mundo? Nunca ninguém está preparado? Está certo que só tens quarenta anos, mas mesmo os de oitenta...
O homem agarrou mais firmemente a chave do carro que acabara por encontrar no bolso do casaco, e insistiu:
— Vá lá, dá-me uma oportunidade.
O Anjo teve pena, aquele grandalhão estava realmente apavorado. Ah, os humanos... Então teve um acesso de bondade e concedeu:
— Tudo bem. Eu dou-te uma oportunidade, se me deres três boas razões para não vires comigo desta vez.
(Passaria um brilho malicioso nos olhos azuis e negros daquele Anjo?)
O homem aprumou-se, claro, sabia que ia dar resultado, sempre fora um bom negociador. Mas, quando abriu a boca para começar a sua ladainha de razões — muito mais que três, ah sim — o Anjo ergueu um dedo imperioso:
— Espera aí. Três boas razões, mas... não vale dizer que os teus negócios precisam de ser organizados, a tua mulher nem sabe assinar cheques, os teus filhos nada conhecem da realidade. O que interessa és tu, tu mesmo. Porque valeria a pena deixar-te ainda aqui por algum tempo?
Já narrei esta fábula noutro livro e, nele, quem abria a porta era uma mulher. A objeção que o Anjo lhe fazia antes de ela começar a recitar os seus motivos era:
— Não vale dizer que é porque o marido e os filhos precisam de ti...
Muitas vezes contei esta história, e inevitavelmente homens e mulheres ficam surpresos e pensativos, sem resposta imediata ainda que de brincadeira.
E nós? Com que argumentos persuadiríamos o anjo visitante de ainda não nos levar?
Eles seriam falsos, inventados no momento, ou brotariam da nossa eventual contemplação — e reavaliação — da vida, e do sentido de tudo, dos nossos projetos e esperanças?
Isto é, se acaso alguma vez interrompemos a nossa agitação para fazer um questionamento destes. Pois, em geral, atordoamo-nos na agitação dos media, da moda, do consumo, da corrida pelo melhor salário, melhor lugar, melhor mesa no restaurante, melhor modo de enganar o outro e subir.
Ainda que infimamente no nosso ínfimo posto.

Dia dos Avós...

00a2e7d4
Patrícia Lima e Cristiano Santos
Só de olhar o semblante dessas figuras, uma sensação de felicidade invade o coração. De rosto enrugado ou bem lisinho, com cabelos brancos ou sem nenhum cabelo, vestindo as últimas tendências ou desfilando um casaquinho que era moda nos anos 1960, eles são simplesmente demais. E tê-los conosco é mesmo muito, muito bom. Tanto que torna-se cada vez mais comum a comemoração deste sábado: o Dia dos Avós.
O que a gente sempre soube também tem sido confirmado por cientistas ao redor do mundo. Segundo pesquisas recentes, a convivência entre avós e netos é altamente benéfica para as crianças, que crescem mais seguras, saudáveis e felizes com a companhia e os cuidados de avôs e avós. E a recíproca é verdadeira. A vida dos idosos é melhor com netos por perto.
A dedicação de avôs e avós teria garantido, segundo uma pesquisa coordenada pela Universidade Edith Cowan, na Austrália, vantagens evolutivas à espécie humana. O estudo aponta que nenhum outro mamífero, com exceção de algumas baleias, conta com os cuidados dos avós durante o seu crescimento. A atenção e o acompanhamento dedicados às crianças teriam sido alguns dos fatores que possibilitaram o desenvolvimento motor e intelectual dos filhotes do homo sapiens. Mais protegidos, a chance de sobrevivência dos pequenos tornou-se bem maior.
Sobre os nossos dias, a pesquisa afirma que os avós, nas sociedades industrializadas, investem quantidade significativa de tempo e dinheiro em seus netos, o que influencia positivamente no desenvolvimento dos jovens. Estudo semelhante elaborado no Reino Unido revelou que quase metade da população tem netos, sendo que 25% desse total são os principais cuidadores das crianças. Eles substituem os pais durante, em média, seis horas por semana.
Quando algo inesperado ocorre e a família passa a enfrentar uma tragédia, o papel dos mais velhos torna-se ainda mais importante. Um estudo feito no Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa em Perdas e Luto da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP) observou o comportamento familiar em casos de crianças com câncer. Descobriu que os avós assumem a responsabilidade por manter a união da família. É uma preocupação em três dimensões: com o sofrimento físico do neto, com os pais – seus próprios filhos – e com os demais netos, irmãos da criança doente. Em muitos casos, são eles, os avós, que assumem o papel de cuidar do restante da família enquanto os pais estão concentrados no tratamento do pequeno enfermo.
Mesmo em situações familiares normais, sem traumas profundos, os avós são peças fundamentais. Por sua capacidade (e paciência) em escutar e interagir com os netos, os avós os ajudam a desenvolver a autoestima e a enfrentar fases turbulentas, como a adolescência, as decepções amorosas e até o divórcio ou a ausência dos pais.
- Avós costumam perceber a criança com mais atenção e ajudá-la a ser mais tranquila, a ter mais rotina e a começar e terminar tarefas. Ter avós saudáveis por perto é a maior riqueza que alguém pode ter – afirma a psicóloga e psicopedagoga infantil Aidê Knijinik.
Ainda segundo Aidê – ela mesma a avó apaixonada de uma menina -, a relação entre avós e netos vem mudando ao longo dos anos. Durante muito tempo, o papel dos mais velhos era mais ou menos restrito aos cuidados diários, aos serviços domésticos e ao mimo e aos carinhos típicos dos vovôs e das vovós. Hoje, já se tem cenários bem diferentes nas famílias.
- É cada vez mais comum ver avós que estudam, viajam ou curtem a vida com os netos. Essas novas gerações não recebem apenas cuidados, mas também formação, valores, experiências. E isso é muito rico.
A modelo que ilustra a capa desta edição de Donna é uma prova disso. Aposentada do serviço público e cuidando somente da casa, Marlene Pereira, de 77 anos, vibrou com as primeiras campanhas publicitárias que a neta estrelou. Viu a menina brilhar em comerciais de TV e páginas de jornais – e ficou muito empolgada com a possibilidade de fazer o mesmo. Quando foi incentivada a levar algumas fotos à agência de modelos da neta, em Porto Alegre, não hesitou. Agora, quem abafa na família é a simpática senhora, que pula de alegria a cada chamada para um novo trabalho.
- Ser modelo é a minha terapia. Nem me importo com o cachê, quero mesmo é conhecer gente nova, conversar, fazer coisas diferentes. Eu me divirto muito – conta Marlene.
Com o tempo, a neta inspiradora se cansou da função de fotos e gravações e foi experimentar outras coisas – afinal, tem somente 13 anos. Já Marlene segue firme modelando – mas nem por isso, esquece de suas funções de avó amorosa.
- Tenho uma relação linda com as minhas netas. Não estou com elas todos os dias, mas temos uma conexão muito forte, falamos sobre tudo, trocamos um carinho enorme. Elas são felizes e eu também com essa convivência.
Se para os netos a presença dos avós é quase garantia de um desenvolvimento promissor, para os avós essa relação é renovadora. Pesquisadores americanos da Boston College observaram 376 avós e 340 netos entre 1985 e 2004, acompanhando sua saúde mental. A conclusão, divulgada no ano passado, é que os avós e os netos adultos que se sentiram emocionalmente próximos uns dos outros tiveram menos sintomas de depressão. A médica geriatra do Hospital Moinhos de Vento Berenice Werle confirma que a presença de netos na rotina dos idosos pode ser extremamente benéfica, um poderoso coadjuvante para evitar a depressão e até retardar os efeitos da demência senil. A convivência, no entanto, também pode prejudicar os avós.
- Para beneficiar o idoso, a relação precisa ser respeitosa. O jovem tem que valorizar a sabedoria dos avós, respeitá-los e conviver com eles em harmonia. Caso contrário, o conflito geracional pode causar sofrimento aos mais velhos. As famílias precisam criar seus filhos para que respeitem os idosos, valorizem a experiência de vida deles. Isso tem que vir de berço.
Outra situação bastante comum, segundo Berenice, é o sentimento de frustração por parte do idoso, seja porque seus netos não o escutam, seja porque só o procuram para pedir dinheiro ou em ocasiões específicas. Nesses casos, no lugar de ser um momento de felicidade, a presença dos netos faz mal a quem deveria estar cercado somente do bem.
Ser avó é renascer 
Márcia Blini Barbosa, 60 anos, viu as amigas se tornarem avós antes dela. Ao falar da pequena Manuela, de sete meses, a empresária fica com os olhos marejados. É preciso segurar o choro antes de fazer as fotos com a primeira neta.
- É um renascer, uma alegria contagiante que não tem como explicar. Ela nasceu prematura. Quando a Vivian (mãe da Manuela) nos ligou, de madrugada, e disse que a bolsa tinha estourado, quase chegamos antes do que ela na maternidade.
A ansiedade em viver estes momentos é compensada com o dia a dia entre avó e neta:
- Quando a tenho nos braços, parece que estou olhando a minha filha. A partir do momento em que fica comigo, a responsabilidade é minha. Adoro quando ela acorda, me debruço em cima do berço, cara a cara, e ficamos conversando. É um presente de Deus – comenta, ainda emocionada.
avos
Essa relação de carinho intenso permeia as memórias de infância de Márcia. Nascida e criada em São Paulo – mora em Florianópolis há 37 anos -, ela se dividia entre as duas avós.
- Fui criada por elas, sempre muito paparicada. Falando agora me vejo abraçada com uma delas, indo à feira. O que estou fazendo é o que recebi. Tive um contato muito grande, elas faziam bolo, pão. Uma era do interior e a outra de São Paulo – relembra.
Apesar da pouca idade, Manu já está conhecida na vizinhança da vovó. Juntas, elas costumam passear pelas tardes da Avenida Trompowsky, no centro da capital catarinense. O vovô Wagner, cercado por mulheres, garante que a chegada da neta mudou a vida do casal.
- É a continuidade, é para completar, estamos curtindo muito. E já avisamos, quando ela fizer um ano, queremos mais um – reforça o engenheiro, que sonha em ver Manu na carona de sua Harley-Davidson.
Márcia também projeta o futuro. E tem se preparado para isso, para acompanhar o crescimento da neta e daqueles que ainda nem nasceram.
- É uma ânsia de quem não quer se separar (risos). Eu me cuido, faço academia, procuro me alimentar bem porque quando eu chegar aos 80 anos eu quero vê-la com 20, que é quando ela vai entender a nossa relação.
avos2

Mais feliz, impossível
A pequena Laura Damin Garrido, de sete meses, ainda não entende direito quem é quem, mas já abre um sorrisão ao ganhar colinho ou brincar com algum dos avós. Sortuda, ela tem os quatro por perto. A mãe do bebê bochechudo e com cara de sapeca, a fisioterapeuta Sofia Damin, mora perto dos pais, que passam algumas horas por dia com Laura para que ela possa trabalhar. Jurandir e Juliana Damin, de 59 e 54 anos, receberam com festa a primeira neta, que mudou a rotina dos dois. Desde relembrar como é ter um bebê em casa até redescobrir um sentido para a vida, tudo tem sido ternura e alegria para o casal.
Quem também vive nas nuvens desde o nascimento da pequena é Rosemari Garrido, 51 anos, mãe do educador físico Giancarlo, pai da Laura. Ela também mora perto do filho e da nora e participa dos cuidados com a netinha para que os pais possam tocar a rotina de trabalho na academia que administram, no bairro Humaitá, em Porto Alegre.
- Eu estou deslumbrada, nem sei como explicar. O Gian é filho único, então estou revivendo toda a felicidade que tive com ele. Minha vida mudou completamente, para muito melhor – comenta Rosemari.
00a2e61dPuro amor: a pequena Laura cercada pelos avós paternos, João Carlos e Rosemari (à esquerda), e pelos avós maternos, Jurandir e Juliana (à direita)
Morador de Arroio dos Ratos, o pai de Giancarlo não vê a neta todos os dias em função da distância. Mas João Carlos Marques, 62 anos, mal pode esperar o fim de semana chegar.
- Fui obrigado a rejuvenescer, para acompanhar o ritmo dela. É maravilhoso.
Mas o que o motivo de tanta felicidade acha disso tudo? Sofia, a mãe, explica:
- Ela já reconhece eles, brinca, confia. Vejo que ela se sente segura com eles. É uma criança muito feliz.

O poder de deseducar
Na casa de Lena Costa, à beira de uma lagoa que desemboca no mar verdinho do norte da ilha de Florianópolis, há um perfume de infância feliz. E ele não está atrelado somente ao extenso gramado ou ao balanço preso na árvore. A artista plástica de 63 anos relembra que foi uma mãe bem mais rígida para suas três filhas em relação à convivência com os três netos.
- Eu amo criança. Na educação, nos posicionamentos, não sou de me meter, até porque faço questão do meu papel de avó. Que papel é esse? É o de poder deseducar (risos). Eles adoram vir de férias, aqui em casa pode tudo. Temos algumas pequenas regras como comer bem, tomar banho e escovar os dentes. Mas pode comer quantas sobremesas quiser – comenta, enquanto Letícia, 11 anos, ouve atenta.
Elas se entendem simplesmente pela troca de olhares. A primeira neta – há ainda a pequena Sofia, 1, e Theo, 10 – perpetua uma semelhança que percorre a biografia das mulheres da família. O vôlei é o esporte oficial do lado feminino da casa. Leti, como é chamada pela avó, mora em São Paulo e faz parte do time do Clube Pinheiros.
vovo4
Lena também se orgulha ao apontar a herança cultural como um dos pilares na relação com as crianças. As artes plásticas surgiram em sua vida quando as filhas estavam crescidas. Já os netos, desde bebês, sempre brincaram no ateliê cercados de tintas e telas. Theo, inclusive, rabiscou quadros a caminho das galerias.
- Acho que hoje as crianças estão muito desassistidas neste sentido. Eu gosto de ouvir música clássica, jazz, de colocá-los, assim como fiz com as meninas (filhas), em um universo mais cultural. Recentemente, fomos ver a exposição da (artista plástica japonesa) Yayoi Kusama e eles curtiram muito.
Letícia é certeira em apontar as semelhanças com a avó:
- Os meus gostos são muito parecidos com os dela. A minha mãe gosta de filmes que dão uma lição, não que eu não ache importante. Mas aqui na minha avó a gente assiste a vários outros filmes e a séries policiais. E nós também gostamos de dormir até tarde, mas meu avô (o publicitário Roberto Costa), que é muito engraçado, não deixa (risos) – revela.
Na casa dos Costa, os netos dormem no quarto com os avós. O trio de netos ainda tem a oportunidade de conviver com a bisavó de 91 anos. Quando a família inteira desembarcou na Disney, a matriarca acompanhou a criançada com um pique invejável.
- O que eu mais achei engraçado é que ela foi em todos os brinquedos com a gente – comemora Letícia.
vovos3

O remédio do bom humor
O menino sai correndo para a faculdade, já atrasado, e sua mãe fica em casa, na companhia de sua própria mãe, a vó. E elas passam a jogar uma conversinha fora:
Mãe – Ai, ai, ai, esse menino. Sempre correndo para a faculdade.
Vó – Ele está atrasado?
Mãe – Sim, como sempre. Ainda quer passar no curso de inglês para ver os valores das aulas.
Vó – Curso de inglês para quê? Nunca me pediram isso. Vamos falar sério, se tu não colocares esse guri em um curso de datilografia ele não vai pegar emprego, hein!
Mãe – Vozinha, isso se estivéssemos em 1950, mas nós não estamos!
Vó – Ué, não exigem mais o curso de datilografia?
Mãe – Não, nem existe mais máquina de escrever, hoje em dia é só decoração!
Vó – Uééé, ainda ontem eu escrevi na minha!
Mãe – Sessenta anos atrás tu queres dizer, né?
Vó – Não, ontem mesmo!
Mãe – Ah, bom!
Vó – Mas eu, se fosse tu, botava ele num curso para aprender! Depois não vai pegar emprego e vou te lembrar dessa conversa.
Mãe – Tu vais me lembrar dessa conversa?! Combinado!
00a2e762
Este é um dos muitos diálogos que podem não resumir, mas revelam o tom de uma obra capaz de ilustrar a delicadeza e a profundidade da relação entre uma avó e um neto. Com lançamento marcado para os próximos dias pela editora Belas Letras, o livro Quem, eu? Uma avó. Um neto. Uma lição de Vida é o relato biográfico de Fernando Aguzolli, estudante de filosofia de 22 anos que largou tudo – trabalho e faculdade – para acompanhar de perto a avó Nilva, diagnosticada com a doença de Alzheimer em 2008, em Caxias do Sul. Na reprodução dos diálogos, na narrativa das cenas cotidianas e até nas informações sobre as características da doença, o autor revela o bom humor com o qual decidiu encarar a nova condição de uma das pessoas mais importantes de sua vida.
Os momentos vividos entre ele e a vó Nilva transformaram-se, em certo momento, em um perfil no Facebook com quase 70 mil seguidores. Desse material, somado às lembranças familiares, nasceu o livro, cuja mensagem principal é a forma com a qual ele decidiu encarar a doença: “Encontrei nessas reflexões o humor como resposta, e dessa forma assumi a gargalhada como filosofia. Eu não ia conseguir curá-la. Mas a gente iria rir à beça!”
A nonna morreu no ano passado, em decorrência das consequências da doença. Mas o amor que ela foi capaz de provocar no neto (e de sentir por ele), é a herança eternizada nas páginas do livro que tem tom de memória e homenagem ao mesmo tempo.
00a2e761